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Caso envolvendo Memphis Depay causa revolta nos bastidores do Corinthians

Em nota, o presidente em exercício Osmar Stabile garantiu que mantém diálogo aberto com os envolvidos

O Sport Club Corinthians Paulista atravessa uma crise interna em seus bastidores financeiros. Recentemente, o clube quitou parte de uma dívida com o atacante Memphis Depay, no valor de R$ 1,4 milhão, referente a direitos de imagem.

A quantia foi paga após uma notificação extrajudicial encaminhada pelo estafe do jogador. Contudo, o montante total devido ao camisa 10 chega a R$ 6,1 milhões, já que ainda estão pendentes outros R$ 4,7 milhões pela conquista do Campeonato Paulista de 2025.

A decisão da diretoria em priorizar esse pagamento, aliás, gerou profunda indignação no elenco feminino. Jogadoras do atual grupo, além de outras que já deixaram o clube neste ano, classificaram o ato como um reflexo de desigualdade evidente entre os departamentos. Conforme relatos, o grupo vê a situação como mais uma demonstração de desrespeito sistêmico com o futebol praticado por mulheres no clube.


Premiações da Libertadores seguem atrasadas

Enquanto parte da dívida com Depay foi quitada, atletas do elenco feminino ainda aguardam o pagamento integral das premiações pela conquista da Libertadores de 2024. O clube parcelou o valor de R$ 175 mil acordado com cada jogadora e membro da comissão técnica em seis vezes, após aplicar o desconto de 27,5% de imposto.

Até o momento, apenas três parcelas foram pagas — correspondentes aos meses de fevereiro, março e abril.

As demais, referentes a maio, junho e julho, permanecem em aberto. Segundo informações obtidas, a diretoria alvinegra se comprometeu a quitar a próxima parcela entre os dias 10 e 15 de julho, e as duas últimas até o dia 30 do mesmo mês. Essa promessa foi transmitida às atletas na última segunda-feira (30), com a expectativa de normalização do fluxo de caixa do clube até o fim do mês.


Pressão jurídica e cobranças internas

Três jogadoras do elenco cogitam recorrer ao Poder Judiciário caso os novos prazos sejam descumpridos. O grupo jurídico que as representa avalia a possibilidade de protocolar a ação já na próxima semana. O estopim da possível medida judicial reside, principalmente, na falta de abertura para negociação do parcelamento, imposto ainda sob a antiga gestão do clube, por conta das dificuldades financeiras da época.

De acordo com Íris Sesso, coordenadora do departamento de futebol feminino, os valores devidos já foram encaminhados ao setor financeiro para liberação.

“Essa semana eu tive reunião com o financeiro. Então, a ideia agora é isso já estar no fluxo de caixa. A gente tem duas parcelas em atraso que a gente vai conseguir, pelo que o financeiro me passou, colocar isso como prioridade e entrar no fluxo para ser pago”, afirmou a dirigente em entrevista concedida na zona mista.


Resposta institucional e promessa de cumprimento

Em nota oficial divulgada na terça-feira (01), o presidente em exercício Osmar Stabile garantiu que mantém diálogo aberto com a diretora Íris Sesso e que “tomará conhecimento das negociações envolvendo as merecidas premiações devidas às atletas para que os compromissos financeiros sejam cumpridos”.

Ainda assim, o sentimento no vestiário feminino é de frustração. Para elas, o recente pagamento ao atacante europeu escancarou as prioridades da diretoria em um momento de incerteza para o futebol praticado por mulheres no clube.