A recente informação de que um membro do departamento de futebol do Flamengo teria manifestado interesse na venda de Pedro por 15 milhões de euros (aproximadamente R$ 96 milhões) causou enorme incômodo entre os principais dirigentes do clube.
A revelação feita pelo jornalista Mauro Cezar Pereira provocou reação imediata do Conselho Diretor, que desconhecia qualquer plano nesse sentido. Conforme apurou o colunista Rodrigo Mattos, também do UOL Esporte, não houve consulta prévia ao órgão colegiado, condição essencial para aprovar qualquer tipo de negociação desse porte.
A avaliação interna é que houve falha grave de comunicação e julgamento por parte do profissional envolvido, ainda não identificado oficialmente. Segundo o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, sequer havia contexto para levantar uma hipótese de venda, especialmente sem proposta concreta.
O dirigente tratou a exposição como um episódio “desnecessário”, reforçando que o clube não discute internamente a saída do atacante.
Atacante ainda busca renovação
Apesar do desgaste provocado pelo episódio, Pedro mantém o desejo de permanecer na equipe carioca. O contrato atual é válido até dezembro de 2027, mas o estafe do jogador já havia iniciado conversas para renovação.
A diretoria, entretanto, suspendeu as tratativas após a recuperação do atleta, que voltou aos gramados em abril deste ano após se recuperar de lesão no joelho.
Mesmo insatisfeito com o espaço reduzido sob o comando de Filipe Luís, o atacante não cogita saída. O próprio Pedro recebeu com surpresa a notícia sobre o suposto plano de venda e, de acordo com interlocutores, continua à disposição para contribuir com o grupo. Ainda assim, a indefinição sobre seu papel no elenco segue como tema sensível no dia a dia do clube.
Divergência técnica também pesa no cenário
Desde que voltou a atuar, Pedro participou de 17 partidas, sendo titular em apenas oito. Marcou cinco vezes e deu três assistências. A comissão técnica argumenta que o modelo atual exige maior intensidade física e maior capacidade de mobilidade no ataque — características que dificultam seu encaixe.
Filipe Luís chegou a afirmar que o camisa 9 “não estava no mesmo nível físico dos companheiros”, o que reforça a opção por alternativas com mais dinamismo.
Internamente, a utilização simultânea de Pedro e Arrascaeta também é vista como um problema tático. Com uma ideia de jogo baseada em pressão na saída de bola adversária, a comissão entende que é inviável escalar os dois em partidas decisivas.
Como resultado, o centroavante esteve ausente de confrontos importantes, como contra o Bayern de Munique, pela Copa do Mundo de Clubes.
Torcida reage com indignação
A repercussão entre os torcedores foi imediata e carregada de insatisfação. Parte da arquibancada utilizou redes sociais para demonstrar revolta diante da possibilidade de negociação de Pedro, considerado por muitos como o melhor centroavante do país. A percepção geral foi de que a eventual venda representaria perda técnica significativa sem justificativa plausível no momento atual da temporada.
A insatisfação foi agravada após Mauro Cezar divulgar conversas com uma fonte interna do clube, na qual se falava em aceitar propostas pelo jogador. O episódio levou o comentarista a criticar duramente a postura da instituição, chamando o comunicado oficial do clube de “patético” e cobrando coerência entre discurso público e prática interna.
Comunicado tenta conter desgaste
Diante da crise, a direção decidiu emitir nota oficial na última quarta-feira (02), negando qualquer intenção de abrir negociação. O texto buscou acalmar o ambiente e demonstrar apoio institucional ao atleta. “Não há qualquer intenção de negociar o atacante Pedro. O Flamengo reforça que Pedro, assim como todo o elenco, conta com a confiança da atual comissão técnica e da diretoria de futebol”, dizia o comunicado.
Além disso, Bap se reuniu com membros da área esportiva para reafirmar sua confiança no trabalho do grupo. O presidente também alertou que espera mais cautela e responsabilidade em manifestações públicas sobre temas estratégicos. Embora não haja punições previstas, o caso será monitorado de perto pela alta gestão.