O Flamengo não vai lucrar apenas com a multa rescisória de Gerson. A venda do meio-campista para o Zenit, da Rússia, pode render uma quantia ainda maior ao Rubro-Negro graças a uma cláusula específica em um contrato paralelo ao de trabalho. Isso porque, além dos 25 milhões de euros (cerca de R$ 159 milhões) que serão pagos pelo clube russo, há outros R$ 40 milhões em jogo, vinculados ao contrato de direito de imagem do jogador.
A negociação ganhou contornos mais complexos por envolver não apenas o contrato principal com o Flamengo, mas também um segundo acordo, voltado exclusivamente para a exploração comercial da imagem de Gerson. Nele, ficou estabelecido que a parte que romper o vínculo antes do prazo estipulado deverá arcar com o valor restante.
Cláusula especial pode levar caso à Justiça
Segundo Cristiano Caús, especialista em Direito Desportivo, o imbróglio pode ser resolvido judicialmente, dependendo dos termos exatos do contrato de imagem.
“Num caso como esse, o jogador poderá argumentar que só faz sentido a exploração da imagem enquanto ele estiver no clube. Entretanto, em teoria, o contrato de imagem é autônomo e se nele as partes estabeleceram multa pelo término antecipado, a multa pode ser cobrada pelo clube, quando o atleta busca a rescisão do contrato de trabalho de forma unilateral”, explica o advogado.
Vale destacar que essa não é a primeira investida do Zenit por Gerson. Em fevereiro, os russos já haviam feito uma oferta que chegava a 29 milhões de euros, mas o atleta optou por permanecer e renovar com o clube carioca. Dessa maneira, o Flamengo consolidava sua estratégia de valorização do elenco, apostando na permanência do volante.
Salário triplicado e cláusula milionária
Com isso, Gerson se aproxima de um novo desafio europeu com um salário quase três vezes maior do que recebia no Flamengo. Por isso, mesmo com a multa rescisória já acertada, a disputa pelo valor extra de R$ 40 milhões torna a operação mais delicada. Sendo assim, o clube carioca avalia judicializar a cobrança para garantir esse acréscimo.
Cabe ressaltar que esse tipo de cláusula em contratos de imagem não é incomum, mas costuma gerar divergências jurídicas porque envolve interpretações diferentes sobre sua autonomia em relação ao vínculo de trabalho. Além disso, o caso pode abrir precedentes sobre como esses contratos são redigidos no futebol brasileiro.
Desse jeito, a saída de Gerson promete ser marcante não apenas pelo valor envolvido, mas também pelo impacto jurídico que pode gerar no mercado.


