Enquanto o foco da torcida segue voltado para o time profissional, o Corinthians tem passado por uma verdadeira reformulação silenciosa nas categorias de base. A movimentação é intensa e chama atenção pelos números: dos 87 atletas contratados desde o início da gestão de Augusto Melo, 30 já deixaram o clube, o que representa mais de 34% do total.
Sendo assim, o cenário expõe um modelo de captação que falhou em entregar o mínimo: aproveitamento esportivo ou retorno financeiro.
Reforços que chegaram e saíram sem deixar rastro
Na última semana, três jovens talentos, Matheus Yuri, Miguel Jordão e Ruan Nantes, tiveram seus contratos rescindidos. Todos foram contratados em 2025, mas não disputaram uma partida oficial sequer. Isso porque, embora inscritos nas categorias Sub-17 e Sub-20, não foram aproveitados de forma efetiva.
Vale destacar que Miguel atuou brevemente no antigo Sub-18 (agora rebatizado como Sub-20 B), enquanto Matheus chegou a jogar no Sub-16, mesmo com idade acima da permitida. Ruan sequer entrou em campo com a camisa alvinegra.
Contratação sem retorno: um retrato da má gestão
Dessa maneira, a política de contratações da base sob o comando de Augusto Melo tem gerado preocupações internas. A maioria dos desligamentos partiu de decisões do clube, seja por encerramento de empréstimos, não renovação de vínculos ou simples dispensas.
Além disso, em alguns casos, os próprios atletas pediram para sair, o que evidencia um ambiente instável. Com isso, o clube não arrecadou nenhum centavo com as saídas. Pelo contrário: pode sofrer prejuízo direto de R$ 1,25 milhão por causa de uma ação judicial movida por Franco Delgado, uruguaio que cobra valores não pagos.
Números que não se justificam
Entre os 30 dispensados, apenas sete foram utilizados em jogos oficiais. Isso representa 23,33%. E só dois, Caio Garcez e Bruno Xavier, ultrapassaram os 20 jogos.
Portanto, mesmo com o Sub-17 e o Sub-20 tendo juntos quase 100 partidas disputadas em 2024, nenhum desses atletas ultrapassou a marca de 30 aparições. Cabe ressaltar que o custo para manter tantos jogadores é alto, e o retorno, praticamente nulo.
Reformulação segue nos bastidores
A atual diretoria interina vem promovendo cortes em todos os setores, inclusive na base. Arthur Paleari, também contratado em 2025, foi mais um liberado recentemente. Outros, como os laterais Vitor Manoel e João Tabone, foram emprestados até o fim de seus vínculos.
Desse jeito, o Corinthians tenta reorganizar sua base em meio ao caos. E a pergunta que fica é: qual o critério para tantas contratações? Porque, sem um planejamento claro, o risco é repetir os mesmos erros.