Em meio ao conturbado ambiente político e administrativo do Corinthians, o técnico Dorival Júnior adotou um tom firme ao cobrar mais transparência da direção com os torcedores. Apesar da vitória por 1 a 0 sobre o Ceará, na quarta-feira (16 de julho), o treinador voltou a expor os obstáculos enfrentados para reforçar o elenco na atual janela de transferências do meio do ano.
A crise institucional, marcada pelo afastamento do presidente Augusto Melo e pela gestão interina de Osmar Stabile, tem travado negociações no mercado. A diretoria, segundo Dorival, prometeu ao menos quatro contratações, mas o processo de transição freou as tratativas conduzidas por Fabinho Soldado, executivo que permanece no cargo mesmo com a instabilidade no comando.
Conforme o próprio treinador, a indefinição política comprometeu negociações em andamento. Apesar disso, ele buscou resguardar os profissionais da gestão esportiva. “Já falei à diretoria o que precisamos. O Fabinho está no mercado. Tenho certeza de que negociações partem dele com a diretoria”, afirmou Dorival, evitando críticas diretas, mas deixando clara sua frustração com o cenário atual.
Além disso, o treinador fez um apelo por mais clareza nos bastidores e defendeu que os torcedores merecem saber o que realmente acontece no clube. “O torcedor tem de saber o momento que o clube está vivendo, as dificuldades que estamos passando, os problemas enfrentados”, declarou Dorival, durante entrevista após a partida em Fortaleza.
A fala ocorre num momento em que o Corinthians tenta se reerguer em campo, após uma sequência de cinco partidas sem vitórias. A vitória diante do Ceará não amenizou a pressão da torcida, que cobra reforços e resultados consistentes, especialmente diante da proximidade de clássicos contra São Paulo e Palmeiras, além do duelo contra o vice-líder Cruzeiro.
Enquanto Dorival prega por exposição dos fatos, alguns jogadores preferem adotar um discurso mais cauteloso. O meia peruano André Carrillo, que participou da jogada do gol contra o Ceará, minimizou os impactos da crise administrativa no desempenho da equipe. “A política, sinceramente, não atrapalha. Isso seria buscar uma desculpa. Dentro do CT está tudo muito tranquilo”, declarou o atleta.
Internamente, o clube convive com dificuldades financeiras, incertezas sobre a permanência da atual comissão técnica e cobranças de organizadas, como a Gaviões da Fiel. A instabilidade deve se arrastar pelo menos até a assembleia geral de 9 de agosto, que votará o impeachment do presidente afastado.
