Ex-integrante da seleção brasileira masculina de vôlei, Ricardinho foi um dos grandes nomes da posição de levantador nas últimas décadas. Conquistou o ouro nos Jogos de Atenas (2004), a prata em Londres (2012), dois títulos mundiais e seis medalhas douradas na Liga Mundial.
Aposentado desde 2018, o ex-atleta agora se dedica a projetos educacionais no esporte e comanda a equipe de vôlei de Maringá, que ele mesmo ajudou a fundar.
Curso Código R17 e expansão digital
Ricardinho lançou o curso online “Código R17”, que reúne técnicas e estratégias sobre levantamento em quadra e na areia. O conteúdo, disponível por cerca de R$ 400, é narrado e demonstrado pelo próprio ex-jogador. Ele ensina desde o toque básico até variações táticas em todas as seis posições, com simulações para passes bons, regulares e deficientes .
O curso é direcionado a diferentes públicos: amadores, atletas experientes, veteranos e treinadores. A proposta visa ampliar o entendimento técnico e oferecer fundamentos sólidos, especialmente para aqueles que ainda buscam espaço no esporte.
“Todo jogador é um levantador. A bola sobra para você, e aí? É mais que um curso. É a forma como eu pensava, me comportava e observava os rivais”, explicou Ricardinho .
Sucesso nas redes e mentorias presenciais
Com a iniciativa, o ex-campeão viu seu número de seguidores no Instagram saltar de 80 mil para 767 mil em poucos meses. Os vídeos publicados — chamados de “Toque do mentor” — mesclam orientações técnicas com bom humor e linguagem acessível, cativando principalmente o público jovem.
Além da plataforma digital, Ricardinho realiza mentorias presenciais em Maringá e outras cidades. Neste fim de semana, participou de encontros em São Paulo, levando o projeto para novos centros do voleibol nacional.
Propostas internacionais e visão sobre o líbero
Após viralizar na internet, o ex-levantador recebeu convites para colaborar com equipes do exterior. Entre os interessados, estão Giovanni Guidetti, técnico do VakıfBank e da seleção canadense, além de times da Coreia do Sul e do Catar. No Brasil, contudo, Ricardinho afirmou nunca ter sido chamado.
“Ou faço algo agora com 50 anos ou não faço mais”, afirmou, destacando o momento como decisivo para novos projetos internacionais.
Em relação às tendências do jogo, o técnico propõe uma atualização nas ações dos líberos, incentivando movimentações mais rápidas e dinâmicas em vez de passes altos e previsíveis.
“Quero que os líberos parem de jogar só bola alta e optem por bolas mais rápidas”, comentou durante uma das mentorias.
Desenvolvimento do projeto e estilo didático
O desenvolvimento do “Código R17” durou oito meses e contou com a colaboração da treinadora Fernanda Leal. Ricardinho admite que o processo foi desgastante fisicamente, a ponto de sofrer dores na panturrilha e no joelho durante as gravações.
“Terminei as gravações com a panturrilha estourada e com dores no joelho. Nunca quis pisar numa quadra de vôlei novamente, mas a paixão pelo esporte falou mais alto”, disse o ex-atleta .
Crítica à formação técnica e inovação na linguagem
O ex-levantador também alerta sobre a carência de fundamentos entre iniciantes, criticando a tendência de buscar o jogo coletivo antes de dominar o essencial. Segundo ele, o trabalho repetitivo e individualizado é indispensável.
“Sinto que falta o trabalho de base, tanto dos braços, como da posição das pernas”, observou, lembrando sua rotina de treinos intensivos no Banespa, onde realizava sessões prolongadas de paredão e variações de toque.
A didática de Ricardinho inclui metáforas e expressões próprias, como “chifre de unicórnio” e “olhar de tigre”, que facilitam o aprendizado. Ele busca ajustes pontuais, respeitando o estilo individual de cada atleta.
“Não quero mudar o estilo da pessoa. Em cima do toque, ajusto parafusos. E não escapa um de mim”, afirmou. Ainda assim, deixou claro que não se impressiona com alguns nomes da atualidade: “O que vejo são levantadores que entraram na fila do pão”.


