O ambiente interno do Flamengo passa por um momento de tensão crescente entre jogadores e o departamento médico, comandado atualmente por José Luiz Runco. Estafes de ao menos oito atletas relataram desgaste nas relações, principalmente após a adoção de novos métodos e a saída de antigos profissionais com os quais os jogadores mantinham confiança. Essa ruptura culminou em episódios de insatisfação e afastamento dos atletas dos tratamentos realizados no CT do Ninho do Urubu, que passaram a buscar acompanhamento externo. A informação foi divulgada pela ‘ESPN’.
A crise ganhou visibilidade após o vazamento de uma mensagem de Runco em um grupo de WhatsApp ligado à política interna do clube, em que o médico expôs detalhes sobre a condição física do meio-campista Nicolás De La Cruz. A situação do uruguaio foi utilizada por Runco como exemplo de um erro da gestão anterior, afirmando que o jogador foi contratado “sem a menor condição”, devido a “uma lesão crônica e irreparável no joelho direito e uma lesão também no joelho esquerdo”.
O conteúdo da mensagem, além de ter sido compartilhado fora dos canais internos do futebol, causou grande incômodo entre os atletas. Companheiros como Arrascaeta, capitão da equipe, saíram em defesa de De La Cruz nas redes sociais. “Se trata de cuidar dos nossos. Simples assim”, publicou o camisa 10 em uma imagem ao lado do compatriota.
A exposição pública provocou reações diretas do estafe do jogador, que cobrou explicações do clube sobre o posicionamento de Runco. Em nota, o grupo questionou a ética da conduta do médico e apontou possíveis danos à imagem do atleta. “Vamos procurar entender com o clube se esse posicionamento é do médico individualmente ou do clube como instituição”, declarou o estafe, que também destacou o histórico recente do uruguaio: 49 partidas disputadas em 2024, somando compromissos pelo Flamengo e pela seleção do Uruguai.
De La Cruz, contratado em dezembro de 2023 por cerca de R$ 102 milhões, foi submetido a exames antes da assinatura, ainda sob responsabilidade da antiga equipe médica. Desde sua chegada, atuou em 61 partidas e conquistou quatro títulos: a Copa do Brasil, a Supercopa e dois Campeonatos Cariocas.
Apesar da declaração de Runco, o Flamengo informou, em nota ao ‘ge’, que não comentaria declarações extraídas de conversas privadas. A direção médica, por sua vez, não se manifestou publicamente desde então. Internamente, há quem defenda que a postura adotada compromete a confiança entre o elenco e os profissionais da saúde.
A crise escancarada por esse episódio representa apenas um reflexo de uma tensão que, conforme relatos, já se estendia há meses. Aliás, a ausência de De La Cruz no clássico contra o Fluminense e, posteriormente, diante do Bragantino, foi apenas o estopim de um cenário que une insatisfação, desconfiança e ruptura institucional entre jogadores e o departamento médico rubro-negro.
