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Como ídolo do Internacional pode interferir em regulamento da CBF

A decisão definitiva, entretanto, deve ocorrer apenas entre o fim deste ano e o início da próxima temporada

A Confederação Brasileira de Futebol discute nos bastidores a possível extinção do sistema de rebaixamento no Campeonato Brasileiro Sub-20. A proposta ganhou força especialmente nesta semana, quando Grêmio e Internacional chegaram à rodada final da competição ameaçados de queda para a Série B da categoria.

O debate, contudo, já circulava internamente na entidade desde a mudança na sua direção, ocorrida em maio.

Atualmente, o Brasileirão Sub-20 conta com 20 clubes na elite e três vagas de rebaixamento. Atlético-MG e Atlético-GO já estão matematicamente rebaixados. A última vaga será definida entre Internacional, Grêmio e Cuiabá. O Inter, com 15 pontos, é o 18º colocado e enfrenta o Santos no Passo D’Areia.

O Grêmio, em 17º, soma 17 pontos e visita o Vasco em Nova Iguaçu. Já o Cuiabá, com 18, recebe o Bahia em casa.

CBF e clubes divididos sobre manutenção do descenso

A implementação da Série B Sub-20 em 2025 trouxe pela primeira vez o rebaixamento para as categorias de base. O novo formato já promoveu Avaí, Vitória e Criciúma à primeira divisão de 2026. Apesar da novidade, a manutenção do descenso provocou divergências internas.

De um lado, parte dos clubes e federações defende que a base siga a mesma lógica das competições profissionais, com acesso e queda baseados no desempenho técnico. Por outro, há quem argumente que o foco da base deve ser exclusivamente o desenvolvimento de jogadores.

Para esses críticos, o risco de rebaixamento pressiona jovens ainda em formação e pune equipes que priorizam a transição ao time principal.

D’Alessandro questiona impacto do rebaixamento na formação

A discussão ganhou novo impulso após declarações contundentes do ex-jogador e atual diretor esportivo do Internacional, Andrés D’Alessandro. Em entrevista concedida após a conquista do título gaúcho Sub-20, o dirigente criticou diretamente a CBF.

Segundo ele, o atual modelo cria “pressão desnecessária” sobre atletas em formação. “Você não pode exigir de um menino de 17 anos a mesma responsabilidade de um profissional. O foco da base deve ser formar, e não lutar contra queda”, afirmou.

A declaração de D’Alessandro encontrou eco entre outros dirigentes e representantes de clubes, que já articulam uma mudança no regulamento. A proposta em discussão prevê a criação de um novo formato, com 40 clubes divididos em dois grupos de 20, o que eliminaria o rebaixamento e permitiria maior participação de equipes de diferentes estados.

Possível novo formato e expectativa de decisão

Caso a proposta seja aprovada, o Brasileirão Sub-20 de 2026 contaria com essas 40 equipes, incluindo tanto os clubes atuais da primeira divisão quanto os promovidos da Série B. A ideia visa ampliar o acesso e reduzir a carga de pressão sobre os jovens atletas, atendendo a uma demanda de longo prazo de parte do setor de base do futebol nacional.

A decisão definitiva, entretanto, deve ocorrer apenas entre o fim deste ano e o início da próxima temporada. A CBF aguarda o encerramento do calendário atual para ampliar as discussões com federações e representantes dos clubes envolvidos.

Contexto técnico e planejamento das equipes

Enquanto isso, Internacional e Grêmio se concentram nas partidas decisivas. O Inter estuda até liberar jogadores do elenco principal para a partida contra o Santos, uma tentativa de evitar a queda que poderia comprometer o planejamento da base para 2026. O Grêmio, por sua vez, também adota estratégias emergenciais na tentativa de se manter na elite.

Apesar da indefinição quanto ao futuro formato da competição, a eventual extinção do rebaixamento representa uma reconfiguração importante no modelo de disputa das categorias de base no país. Afinal, trata-se de uma possível mudança estrutural que impactaria diretamente clubes tradicionais, como os dois gigantes do Rio Grande do Sul, em um momento de instabilidade esportiva e institucional.