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Após fala racista, Antonia Fontenelle se defende de processo movido por Erika Hilton

A defesa da influenciadora ainda não foi oficialmente apresentada à Justiça

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo contra a atriz e influenciadora Antonia Fontenelle. A iniciativa judicial foi protocolada no sábado (19), após declarações ofensivas feitas por Fontenelle em uma live transmitida em 17 de julho.

Na ocasião, a influenciadora chamou Hilton de “preta do cabelo duro”, gerando forte repercussão pública e acusação de racismo e transfobia. Fontenelle comentava o voto contrário da deputada a um projeto de lei sobre progressão de pena para crimes hediondos. Durante a fala, ela afirmou:

“Entre os votos contrários estão os de Erika Hilton. Esperar o quê de você, né? Que tinha um nariz desse tamanho, um cabelo de preta — que é isso que você é: preta — um discurso mentiroso dizendo: ‘Que parem de querer ser brancos, porque vocês não são. Parem de querer ser louros, porque vocês não são. Você também não. E até ontem eu poupei você por uma caralhada de coisas’”.

Na mesma transmissão, ela acrescentou: “Você é preta do cabelo duro, como todos os pretos são e isso não é demérito, mas você não quer ser uma preta do cabelo duro, você quer ser uma branca loira, só que você não é e nunca vai ser. É uma trans que teve a chance de mostrar que você poderia ter caráter independente”.

Reação e tentativa de justificativa

Fontenelle comentou publicamente pela primeira vez sobre a ação movida pela deputada, negando intenção racista e recorrendo a justificativas pessoais. Em vídeo publicado nas redes, ela declarou: “A maioria dos meus amigos é preto e gay”.

Em outra tentativa de defesa, afirmou: “Tive dois maridos negros”. As declarações, no entanto, foram recebidas com críticas por parte de ativistas e entidades ligadas à causa antirracista, que apontam que tais afirmações não excluem a possibilidade de conduta discriminatória.

Pedido de indenização e tramitação do caso

O processo movido por Erika Hilton requer uma indenização de R$ 50 mil por danos morais. A peça jurídica sustenta que as palavras utilizadas por Fontenelle ferem a dignidade da parlamentar ao utilizarem estereótipos raciais e transfóbicos, especialmente em ambiente público e de grande visibilidade, como uma live aberta no YouTube.

A defesa da influenciadora ainda não foi oficialmente apresentada à Justiça, e até o momento, não há registro de audiência agendada. A plataforma onde a live foi publicada foi procurada para esclarecimentos, mas ainda não respondeu publicamente à reportagem.