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Oruam vira réu, e defesa aponta perseguição pessoal

Desde 22 de julho, Oruam permanece detido no Complexo Penitenciário de Gericinó, unidade Bangu 3

Na terça-feira (30), o rapper Mauro Davi Nepomuceno, conhecido como Oruam, passou a responder como réu por tentativa de homicídio qualificado. O caso tem origem em uma operação policial realizada na madrugada de 22 de julho no bairro do Joá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde agentes da Polícia Civil cumpriam um mandado de busca e apreensão contra um menor de idade supostamente abrigado na casa do artista.

Anteriormente, o cantor já enfrentava acusações por lesão corporal, resistência com violência, desacato, ameaça e dano ao patrimônio público. Entretanto, o Ministério Público decidiu não prosseguir com a denúncia original por tráfico e associação para o tráfico, optando, em vez disso, pela reclassificação para tentativa de homicídio, fato considerado controverso pela defesa.

Argumentos e posicionamento da defesa

A equipe jurídica de Oruam classificou a nova acusação como uma “manobra jurídica infundada” e alegou que há uma “perseguição de caráter pessoal e uma estratégia de criminalização midiática, sem respaldo consistente na prova”.

Segundo os advogados, a detenção recente foi baseada em “alegações frágeis e artificiais”, e a denúncia “apresenta uma narrativa quase ficcional, na qual busca-se identificar, com precisão absoluta, o objeto lançado por Oruam em meio ao tumulto”.

Ainda de acordo com eles, “não há laudo técnico que assegure, de modo categórico, que a pedra recolhida seja de fato a mesma arremessada pelo acusado”.

Além disso, a defesa questiona a ausência de perícia que comprove, por meio de DNA ou impressões digitais, que o objeto atirado partiu do artista. No entendimento dos advogados, a acusação “se sustenta apenas em testemunhos subjetivos e frágeis, tentando transformar um ato de desespero em uma tentativa de homicídio qualificado”.

Versão do Ministério Público e elementos da denúncia

De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, a denúncia aponta que Oruam teria atirado pedras de cerca de cinco quilos contra o delegado Moyses Santana Gomes e o oficial Alexandre Alves Ferraz, além de uma viatura descaracterizada.

O órgão afirma que os arremessos apresentaram alto risco de morte, citando laudos periciais baseados em cálculos físicos, segundo os quais a força do impacto superaria o limite necessário para fraturar o crânio humano.

O MP também anexou vídeos em que Oruam aparece desafiando publicamente a polícia. Em uma das gravações, o rapper afirma: “quero vocês virem aqui, pô, me pegar aqui dentro do complexo, não vai me pegar”.

Ambiente da prisão e manifestação do artista

Desde 22 de julho, Oruam permanece detido no Complexo Penitenciário de Gericinó, unidade Bangu 3. As autoridades o classificaram como preso de “alta periculosidade”, com base em sua suposta associação ao Comando Vermelho e uso de sua residência como ponto de apoio à facção criminosa.

Antes de se entregar à polícia, o cantor publicou um vídeo negando qualquer envolvimento com o crime organizado e declarou: “Vou provar que não sou bandido e vou dar a volta por cima, vencer através da minha música”.

Já durante sua entrega, acompanhado pela mãe, namorada e advogados, ele se dirigiu à companheira com as palavras: “Só pedir desculpa para todo mundo se eu causei algum transtorno”.

Outras implicações

Além de Oruam, Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira, que estava com o rapper no momento da operação, também foi denunciado por tentativa de homicídio. Ambos seguem com prisão preventiva decretada, enquanto a defesa busca alternativas jurídicas para contestar o processo em curso.