Em meio à turbulência vivida nos bastidores do Corinthians, declarações públicas reacenderam o debate sobre o modelo de gestão ideal para o clube. A comparação com o Flamengo, feita por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube paulista, provocou uma reação direta de um dos responsáveis pela reestruturação do time carioca, o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello.
O dirigente corintiano defendeu publicamente que o clube precisa de uma transformação estrutural e mencionou o Flamengo como referência nesse processo. Em entrevista coletiva concedida no Parque São Jorge, Tuma Júnior declarou: “Queremos ser o Flamengo e vamos ser”, em referência à virada de chave vivida pelo clube do Rio de Janeiro após anos de crise.
A afirmação, no entanto, não passou despercebida por Eduardo Bandeira de Mello, que presidiu o Flamengo entre 2013 e 2018 e iniciou a reestruturação do clube. Durante participação no programa “Benja Me Mucho”, ele criticou duramente a atual administração alvinegra e destacou que, mais do que inspiração, o Corinthians precisa de comprometimento com práticas básicas de gestão.
“É muito mais uma questão de atitude, de postura, de vergonha na cara. O que você precisa fazer no Corinthians, o que fizemos no Flamengo, se aprende em Administração Financeira 1. Não tem nada de mirabolante”, afirmou o ex-presidente rubro-negro.
Em tom incisivo, Bandeira de Mello reforçou que a reconstrução de um clube não exige genialidade, mas sim princípios bem estabelecidos. “Postura, responsabilidade e credibilidade. Se você tem esses pilares, as pessoas acreditam. E a confiança é o ponto de partida para qualquer recuperação”, completou.
O dirigente também ressaltou o papel determinante da torcida na retomada de um clube. “Para quem tem 30 milhões de torcedores, nada é impossível. O maior ativo do Flamengo, do Corinthians, do Vasco, do Palmeiras… é a torcida”, declarou, destacando que o apoio popular pode ser decisivo, desde que haja gestão responsável.
A comparação entre os dois clubes acontece em um momento delicado para o Corinthians, que enfrenta uma grave crise institucional. O presidente afastado Augusto Melo será submetido a votação de impeachment no próximo sábado (09), e o clube tenta reorganizar sua estrutura interna enquanto lida com uma dívida superior a R$ 2 bilhões.
Enquanto isso, o Flamengo, sob os reflexos da gestão iniciada por Bandeira de Mello, mantém estabilidade administrativa e projeta arrecadação próxima a R$ 2 bilhões em 2025. A diferença entre os cenários evidencia o contraste mencionado pelo ex-presidente, que atribui a mudança flamenguista a decisões difíceis, mas necessárias.
A crítica contundente de Bandeira de Mello, apesar de direcionada à administração atual, também funciona como um alerta para outros clubes brasileiros que buscam reorganização sem abrir mão de princípios básicos de governança.