quarta-feira, agosto 6, 2025
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CBF toma atitude importante para auxiliar clubes em crise

CBF vê 'navio afundando' no futebol brasileiro e prepara projeto para impedir caos financeiro e auxiliar clubes; entenda

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) intensificou a articulação por um sistema de fair play financeiro, diante do agravamento da situação econômica dos clubes do país. O projeto, que envolve equipes das Séries A e B e federações estaduais, está previsto para ser implementado até 2026. A medida surge como resposta à crescente preocupação com a sustentabilidade financeira do futebol nacional.

O vice-presidente da entidade, Ricardo Gluck Paul, que também preside a Federação Paraense, lidera o grupo de trabalho responsável pela elaboração do modelo regulatório. O comitê reúne 33 clubes e representantes de dez federações. A primeira reunião está marcada para a próxima segunda-feira (11), no Rio de Janeiro, e o objetivo é entregar, em até 90 dias, um relatório com as diretrizes do novo sistema de controle financeiro.

Durante participação no Fórum Sustentabilidade em Campo, realizado em São Paulo, Gluck Paul defendeu que a implantação do fair play financeiro deve ser tratada como prioridade. Para ele, o tema é hoje a pauta mais urgente do futebol nacional, e medidas precisam ser tomadas com rapidez, ainda que respeitando uma transição gradual. Segundo o dirigente, a implementação será feita em etapas, com fases iniciais, intermediárias e posteriores, a fim de que os clubes consigam se adaptar ao novo cenário.

O dirigente lembrou que, ainda em 2019, já existiam propostas para conter os gastos dos clubes brasileiros, mas que não foram executadas. Conforme destacou, a gravidade atual é resultado da falta de ação naquele período. Ele comparou a situação à trajetória do Titanic: “É como se, naquela época, a gente visse o Titanic na direção do iceberg e tivesse como desviar. O navio bateu no iceberg e está afundando”.

A metáfora foi reforçada por outra declaração do dirigente, que afirmou: “Tem quem escolhe tocar música e esperar o navio afundar, e tem quem joga a boia para ajudar os outros. Estamos no caos. A CBF escolheu jogar a boia”.

Aliás, a escolha pela estruturação de um sistema nacional de controle financeiro se inspira em modelos já existentes em ligas europeias, como Premier League e LaLiga, que impõem limites rigorosos aos déficits dos clubes. A UEFA também aplica sanções a quem descumpre suas regras, chegando a proibir equipes inadimplentes de disputar competições continentais.

Por conseguinte, a proposta visa evitar um colapso financeiro nos próximos anos. Gluck Paul, ao comentar a necessidade de ações imediatas, reforçou que o processo não será abrupto: “Vai ser algo que tenha relevância, que traga o que a gente procura, mas também que tenha implementação responsável”.

O cenário de inadimplência e desequilíbrio financeiro entre os clubes acentuou a pressão sobre a CBF, que agora assume protagonismo para criar um ambiente econômico mais viável ao futebol nacional. Afinal, conforme reforçou Gluck Paul, “o navio está afundando”, e conter esse avanço tornou-se uma questão de sobrevivência institucional.