O cenário político e financeiro envolvendo o comando da SAF do Botafogo voltou ao centro das discussões após declarações contundentes do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro. Em áudio vazado nas redes sociais, ele criticou as recentes movimentações de John Textor e detalhou as dificuldades do investidor norte-americano para manter o controle do clube.
Inicialmente, Montenegro apontou que Textor já teria formalizado sua saída da Eagle Football Holdings, embora tente seguir à frente do Botafogo. Entretanto, conforme declarou, o empresário não dispõe de capital suficiente para viabilizar a recompra das ações ou garantir os investimentos necessários à gestão da SAF.
“O Textor, agora, está tentando sair fora da Eagle. Na verdade, já saiu no papel, parece que é isso. Mas está tentando ficar com o Botafogo. Só que ele precisa de dinheiro. Ele, pessoa física, não tem dinheiro, e está tentando falar com outras pessoas para ajudar a comprar. A Ares não quer negociar muito com ele, mesmo ele tendo dinheiro. Deve ter feito algumas e outras coisas não muito interessantes”.
Ainda segundo Montenegro, a atual crise teve origem em um empréstimo de US$ 450 milhões obtido junto ao fundo Ares Capital para a compra do Lyon. Como garantia, a Eagle ofereceu seus principais ativos, incluindo contratos comerciais e participações acionárias nos clubes da holding. Como Textor não conseguiu quitar o valor, a Ares executou as garantias e passou a deter o controle sobre esses ativos, incluindo a parte que corresponde ao Botafogo.
“O Textor não estava conseguindo pagar. Vendeu o Crystal Palace, amortizou uma parte, mas ainda está devendo uns US$ 350 milhões”.
Atualmente, a Eagle detém 90% das ações da SAF do Botafogo, mas o investidor tenta articular a recompra utilizando uma nova empresa sediada nas Ilhas Cayman, com apoio do empresário grego Evangelos Marinakis. Apesar disso, o grupo Ares teria imposto como condição a saída definitiva de Textor da gestão da holding para avançar em qualquer negociação.
A disputa, entretanto, se estende à esfera judicial. A SAF do Botafogo entrou com ação na Justiça do Rio de Janeiro alegando dívida de cerca de R$ 150 milhões com a Eagle, o que garantiu a manutenção de Textor na presidência da SAF por ora. O clube associativo também apoia sua permanência, o que agrava o impasse institucional.
“O que tem agora é dinheiro em cima da mesa. É uma briga entre os sócios que compraram o Botafogo e ficaram com 90% da SAF. Teoricamente, a gente não tem nada a ver com essa briga, mas é o que está acontecendo. Espero que eu tenha sido claro”. As declarações de Montenegro foram reveladas pelo ‘GE’.
Enquanto isso, os torcedores acompanham com incerteza o desenrolar do caso. Afinal, o impasse financeiro e societário impacta diretamente o planejamento do futebol e a estabilidade administrativa do clube alvinegro.