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Atitude do Real Madrid pode violar termos da LaLiga

Real contratou Franco Mastantuono e o inscreveu no Castilla, que é a equipe B do clube; projeto é deixar espaço na janela de transferências

O Real Madrid confirmou a contratação do meio-campista Franco Mastantuono, que vestirá a camisa 30 e, a princípio, será inscrito no Castilla, equipe B do clube. A decisão de registrá-lo inicialmente fora do elenco principal foi tomada pela direção merengue com o objetivo de preservar uma vaga no grupo profissional, medida considerada estratégica para a atual janela de transferências do meio do ano.

Revelado pelo River Plate, o jogador chega à Espanha com grande expectativa após se destacar na temporada argentina. Na última campanha, disputou 22 partidas, marcou sete gols e distribuiu quatro assistências. Esses números consolidaram sua imagem como uma das promessas mais valorizadas do futebol sul-americano.

Apesar do entusiasmo, Mastantuono deverá passar por um processo de adaptação antes de ser aproveitado com regularidade pelo técnico Xabi Alonso. Ele atua preferencialmente como meio-campista ofensivo, mas também pode ser utilizado aberto pela direita, setor onde o clube já possui atletas consolidados. Assim, sua integração ao time principal ocorrerá de maneira progressiva.

A apresentação oficial do argentino está marcada para quarta-feira (14 de agosto), às 8 horas (horário de Brasília), mesma data em que o jogador completa 18 anos. Após a cerimônia, o atleta concederá entrevista coletiva para comentar o início do novo capítulo da carreira em solo espanhol.

Entretanto, a manobra administrativa do Real Madrid levantou questionamentos quanto à legalidade do procedimento. De acordo com o regulamento da LaLiga, atletas inscritos nos times B — geralmente com idade inferior a 23 anos — podem atuar pelo elenco principal, desde que não ultrapassem 30% das partidas com mais de 45 minutos em campo. Caso excedam esse limite, passam a ser considerados, para fins de controle financeiro, integrantes fixos do elenco profissional.

Para Miguel Galán, presidente da Escola de Formação de Treinadores da Espanha (CENAFE), a prática adotada pelo clube pode configurar uma irregularidade. Segundo ele, “inscrever Mastantuono no Castilla em vez de no elenco principal do Real Madrid poderia constituir um fraude de lei”.

Além disso, Galán argumenta que, levando em conta os 62 milhões de euros pagos pela transferência e o salário anual de 3,5 milhões de euros, “o argentino é claramente jogador do elenco principal”. Por isso, registrá-lo no time B apenas para abrir espaço no grupo profissional contraria, segundo ele, o espírito do artigo 125 do regulamento da federação espanhola de futebol.

Historicamente, o Real Madrid e outros clubes espanhóis já utilizaram esse recurso, com nomes como Vinícius Júnior, Rodrygo, Gavi e Lamine Yamal tendo passado por equipes B antes de se firmarem no profissional. A distinção, neste caso, está no fato de que Mastantuono dificilmente atuará efetivamente no Castilla, o que amplia os questionamentos sobre o real propósito da decisão.