A diretoria do Fluminense está no centro de uma controvérsia envolvendo o processo de transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A discussão ganhou destaque após uma reportagem do jornal O Globo, publicada na manhã de segunda-feira (18 de agosto), afirmar que a proposta apresentada pelo BTG Pactual havia sido aceita internamente e seria encaminhada à Assembleia Geral de sócios.
Contudo, a resposta oficial do Fluminense não tardou. Ainda na tarde da mesma segunda-feira, o clube divulgou uma nota nas redes sociais rebatendo a publicação. A diretoria esclareceu que a decisão sobre a SAF não cabe exclusivamente a seus membros, mas sim aos poderes internos do clube, seguindo uma sequência formal que envolve o Conselho Deliberativo e, posteriormente, a Assembleia de Sócios.
“Para garantir a correta informação e impedir que especulações contaminem a construção do projeto de SAF, o Fluminense FC esclarece que a nota publicada hoje na coluna de Lauro Jardim, no O Globo, contém imprecisões. Não cabe à diretoria aprovar a proposta. Como está expresso inclusive no corpo da nota, essa decisão é da Assembleia de Sócios, após passar pelo Conselho Deliberativo”.
O modelo de SAF discutido com o BTG prevê aportes iniciais para capital de giro, quitação de dívidas e investimentos contínuos. O processo conduzido pelo banco envolve ainda confidencialidade dos dados financeiros e preferência por um fundo formado por torcedores. A gestão tricolor ressalta a exigência de preservação da identidade do clube, transparência e divulgação dos nomes dos investidores envolvidos.
No entanto, a coluna de Lauro Jardim reforça que a diretoria aprovou o conteúdo da proposta e decidiu submetê-la aos sócios. Além disso, aponta que o fundo cotista será gerido pela LZ Sports, ligada à Lazuli Capital, com apoio da FSB Comunicação, responsável por montar uma estratégia de divulgação pública da operação, prevista para iniciar em setembro.
A mesma reportagem também citou que Mário Bittencourt seria o nome sugerido para assumir o cargo de CEO da SAF, uma vez que seu mandato na presidência do clube termina no fim deste ano. Embora o assunto não tenha sido formalmente tratado, a possível permanência do atual dirigente no comando da nova estrutura administrativa já é debatida nos bastidores.
“É normal que se tenha essa pergunta, se a administração fica ou sai. Mas isso nunca foi dito para nós em lugar nenhum. Como é ano eleitoral, alguns estão com interesses pessoais e políticos, tentando criar um caos”, afirmou Mattheus Montenegro, vice-presidente do Fluminense, em áudio divulgado nas redes sociais.
Ainda não há previsão exata para a convocação da Assembleia Geral. Conforme o estatuto atual, será necessário definir se o crivo inicial será do Conselho ou dos sócios, o que pode demandar uma mudança estatutária. A diretoria garante que todo o processo será conduzido com cautela e tempo hábil para debate entre os associados.