quarta-feira, agosto 20, 2025
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Corinthians: Justiça toma nova decisão sobre premiação da Copa do Brasil

A quantia continuará, portanto, retida e vinculada ao juízo responsável pelo regime

A Justiça de São Paulo decidiu manter o bloqueio judicial de R$ 10,9 milhões pertencentes ao Corinthians, valor referente à premiação conquistada nas oitavas de final da Copa do Brasil, após a vitória sobre o Palmeiras. A medida foi determinada pela 1ª Vara Cível do Foro do Tatuapé em processo movido pelo empresário André Cury.

A decisão está vinculada ao Regime de Centralização de Execuções (RCE), ao qual o clube paulista aderiu em meio à grave crise financeira.

Embora a defesa do Corinthians tenha solicitado a liberação da quantia, alegando que o RCE impediria novos bloqueios, a Justiça entendeu que os valores em questão já estavam retidos anteriormente.

Além disso, alegaram que qualquer autorização de liberação deve partir da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo, instância responsável pela supervisão do regime especial de execução coletiva.

Ainda de acordo com a decisão, tanto a CBF quanto a Federação Paulista de Futebol foram notificadas para depositar diretamente nessa vara judicial os valores de premiações futuras recebidas pelo clube na competição.

Assim, mesmo avançando às quartas de final, em confronto previsto contra o Athletico-PR na terça-feira (27), às 21h30 (horário de Brasília), o Corinthians seguirá impedido de acessar os valores oriundos da Copa do Brasil.

Até o momento, o clube não se manifestou oficialmente sobre a manutenção do bloqueio, adotando sua postura usual de não comentar litígios judiciais em andamento.

Dívida crescente agrava situação do clube

O bloqueio ocorre em meio ao cenário financeiro mais crítico do Corinthians em sua história. Segundo levantamento recente com base nos balanços financeiros de 2024, o clube encerrou o ano com uma dívida total de R$ 2,4 bilhões, a maior do futebol brasileiro.

Desse montante, R$ 1,8 bilhão correspondem ao clube e R$ 668 milhões estão ligados ao financiamento da Neo Química Arena.

Esse passivo representa um salto de aproximadamente R$ 600 milhões em comparação ao final de 2023, quando a dívida somava R$ 1,9 bilhão. O valor circulante, ou seja, com vencimento previsto para o prazo de até um ano, chega a R$ 1,27 bilhão.

Além do Corinthians, apenas o Atlético-MG ultrapassa os R$ 2 bilhões em passivos acumulados. Entre os cinco clubes com maiores déficits na temporada, o Corinthians figura com prejuízo de R$ 181,7 milhões, mesmo tendo registrado receita bruta de R$ 1,1 bilhão — a terceira maior do país, atrás apenas de Flamengo (R$ 1,3 bilhão) e Palmeiras (R$ 1,2 bilhão).

Contexto da disputa judicial

O processo movido por André Cury refere-se a cobranças por intermediações anteriores no futebol. O empresário já moveu diversas ações semelhantes contra clubes brasileiros.

Embora o Regime de Centralização de Execuções ofereça proteção contra novas penhoras, o juiz responsável ressaltou que o processo em questão não se enquadra nessa exceção, pois o bloqueio foi determinado antes da formalização do RCE pelo Corinthians.

A quantia continuará, portanto, retida e vinculada ao juízo responsável pelo regime. A permanência do bloqueio também foi sustentada pelo entendimento de que não há garantia de quitação voluntária das dívidas pelo clube em curto prazo, dada a instabilidade financeira.