As decisões judiciais, a crise política e os resultados negativos dentro de casa escancaram a turbulência vivida pelo Corinthians nos últimos dias. A permanência de Fabinho Soldado está em xeque diante das eleições presidenciais, a Justiça manteve o bloqueio milionário da premiação da Copa do Brasil, e o rendimento da equipe em casa é o pior desde o ano do rebaixamento. Esses três pontos, embora distintos, estão interligados por um pano de fundo de instabilidade institucional e financeira que ameaça o futuro esportivo do clube.
Justiça mantém bloqueio da premiação da Copa do Brasil
A Justiça de São Paulo decidiu manter o bloqueio de R$ 10,9 milhões referentes à premiação conquistada pelo Corinthians nas oitavas de final da Copa do Brasil. O valor, que seria liberado após a vitória sobre o Palmeiras, continuará retido por decisão da 1ª Vara Cível do Foro do Tatuapé, em ação movida pelo empresário André Cury.
Essa decisão está atrelada ao Regime de Centralização de Execuções (RCE), mecanismo ao qual o clube aderiu por conta da grave crise financeira. A defesa do Corinthians argumentou que os bloqueios seriam vedados pelo RCE, mas o juiz considerou que a retenção foi determinada antes da formalização do regime, justificando sua manutenção.
Como consequência direta, mesmo com o time avançando às quartas de final da competição, os valores futuros também devem ser direcionados à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, conforme determinação judicial. Até o momento, o clube não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
O cenário é ainda mais preocupante quando analisado em conjunto com os dados financeiros do clube. Segundo balanço de 2024, o Corinthians encerrou o ano com R$ 2,4 bilhões em dívidas, sendo R$ 1,8 bilhão vinculados diretamente ao clube e R$ 668 milhões à Neo Química Arena. Esse endividamento coloca o time entre os maiores deficitários do país.
Eleições podem tirar Fabinho Soldado do Corinthians
Em meio à instabilidade institucional, as eleições presidenciais no Corinthians, marcadas para 25 de agosto, prometem mudanças importantes na estrutura do futebol. Um dos principais candidatos, Antonio Roque Citadini, indicou que não manterá Fabinho Soldado como executivo de futebol, preferindo nomear um ex-jogador identificado com o clube.
A crise política se intensificou após o impeachment de Augusto Melo, eleito em 2023, seguido pela renúncia de membros do Conselho. Desde então, Osmar Stabile comanda o clube de forma interina e é o adversário direto de Citadini na disputa presidencial.
Além de mudanças na direção do futebol profissional, Citadini propõe reformulações nas categorias de base, prometendo profissionalização do setor e menor influência de empresários. Ele também pretende nomear outro ex-atleta para gerir essa área, caso eleito.
Enquanto isso, o clube tenta aliviar a folha salarial e enfrentar punições da FIFA que impedem novas inscrições. Nomes como Matheus Donelli e Héctor Hernández foram afastados, e a principal expectativa de venda recai sobre Breno Bidon, embora ainda sem proposta formal significativa. A instabilidade política, somada às limitações financeiras, tem afetado diretamente o planejamento esportivo do clube.
Desempenho em casa é o pior desde o rebaixamento
A campanha do Corinthians como mandante no Campeonato Brasileiro 2025 acende um alerta vermelho. A derrota para o Bahia por 2 a 1, no dia 16, ampliou para cinco os jogos sem vitória na Neo Química Arena, pior sequência desde a inauguração do estádio. A última vez que algo parecido ocorreu foi em 2007, ano do rebaixamento.
Em dez partidas disputadas em casa, o time soma quatro vitórias, três empates e três derrotas, com apenas 50% de aproveitamento. O número de derrotas já supera o da campanha de 2007 no mesmo período, o que evidencia a queda de rendimento técnico da equipe.
Atualmente, o Corinthians tem apenas 22 pontos após 20 rodadas, três acima da zona de rebaixamento. Segundo projeções da UFMG, a chance de queda subiu para 25,1%, exigindo ao menos 49 pontos ao final do campeonato para escapar do descenso.
Apesar da má fase, a torcida segue apoiando. O clube lidera a taxa de ocupação dos estádios no Brasileirão, com média de 40.370 torcedores por jogo e 83,2% da capacidade utilizada. O apoio, no entanto, não tem se refletido em campo, e o desempenho segue em declínio desde abril, após a eliminação para o Huracán na Sul-Americana.