Os últimos dias foram marcados por uma onda de críticas e cobranças envolvendo o Corinthians, tanto no campo quanto fora dele. Craque Neto condenou a postura da diretoria ao afastar o atacante Héctor Hernández, enquanto o jornalista Benjamin Back classificou o momento atual do clube como o pior da sua história, citando risco real de rebaixamento. Para agravar, o presidente do Talleres, Andrés Fassi, acusou o Timão de calote e chegou a defender a queda do clube de divisão como punição. Esses episódios refletem a grave crise esportiva, política e financeira que assola o time em 2025.
Craque Neto critica afastamento de Héctor Hernández
Contratado em 2024, Héctor Hernández chegou ao Corinthians como esperança para o ataque, mas em pouco mais de um ano sua situação mudou radicalmente. Com desempenho modesto — apenas dois gols e uma assistência em 24 jogos — o atacante espanhol foi afastado do elenco principal e agora treina separado, decisão que a diretoria justificou como forma de não atrapalhar os trabalhos de Dorival Júnior.
A escolha, porém, gerou forte reação. Durante o programa Os Donos da Bola, o comentarista e ex-jogador Craque Neto disparou contra a diretoria, chamando a medida de desrespeitosa.
“Isso eu acho feio. O que fez alguma coisa? Cometeu algum ato de indisciplina? Deixou de treinar? Deixou de ser profissional? Eu acho um desrespeito quem fez isso. Ele não pediu para ser contratado. É um desrespeito”.
O comentarista ainda destacou que a decisão é incoerente diante da falta de opções ofensivas no elenco. Com Yuri Alberto lesionado e Pedro Raul emprestado, a ausência de Hernández deixa o técnico Dorival com escolhas limitadas. Apesar disso, o treinador preferiu levar jovens da base, como Gui Negão, que marcou no último jogo contra o Bahia.
Enquanto a diretoria tenta encontrar um novo clube para o jogador, o Corinthians se prepara para enfrentar o Vasco em um confronto direto contra o rebaixamento, ocupando atualmente a 14ª posição com 22 pontos.
Benja aponta pior momento da história corinthiana
O jornalista Benjamin Back não poupou palavras ao analisar a crise do Corinthians. Em participação no Arena SBT, ele declarou que o clube atravessa o pior período de sua história centenária. Para ele, o risco de rebaixamento é real e a torcida precisa estar consciente da gravidade da situação.
“Os jogadores estão insatisfeitos, tem transfer ban… O clima é péssimo! Não tem absolutamente nada de positivo. Se o Corinthians conseguir escapar do rebaixamento este ano, a torcida tem que comemorar. Não dá pra enganar o torcedor do Corinthians. É o pior momento da história!”.
Além da má fase esportiva, a política interna também pesa. A eleição presidencial, marcada para 25 de agosto, promete mudanças na gestão. Segundo Benja, o diretor-executivo Fabinho Soldado deve ser demitido, independentemente de quem vença a disputa entre Osmar Stabile e Antônio Roque Citadini.
O clube ainda convive com os efeitos do afastamento do ex-presidente Augusto Melo, envolvido no caso “Vai de Bet”, acusado de crimes como lavagem de dinheiro. Isso resultou em atrasos salariais e em um transfer ban da FIFA devido a dívidas com o Santos Laguna pela contratação de Félix Torres. Sem reforços e com vários titulares lesionados, Dorival Júnior encontra dificuldades para manter a competitividade.
Rival cobra dívida e pede rebaixamento do Corinthians
A crise corinthiana ganhou repercussão internacional após Andrés Fassi, presidente do Talleres, denunciar o atraso no pagamento da transferência de Rodrigo Garro, negociada em 2024. A dívida de 5 milhões de dólares (cerca de R$ 27 milhões) já está sendo levada à Corte Arbitral do Esporte (CAS), o que pode resultar em novas sanções ao clube.
Indignado, o dirigente argentino defendeu punições mais severas para clubes que descumprem compromissos financeiros.
“Não pagaram mais do que a primeira parcela. É uma vergonha terem o melhor 10 do Brasil jogando dois anos sem pagar. Esses clubes não deveriam estar na primeira divisão. Tem que ser como é na Itália, o ‘espertinho’ que deve cair para a segunda ou terceira divisão. É uma vergonha o que fazem esses dirigentes. E que pena, porque é um clube extraordinário”.
O Corinthians já havia recebido recentemente outro transfer ban da FIFA, desta vez por uma dívida de R$ 33 milhões com o Santos Laguna. Isso evidencia a gravidade do quadro financeiro, que coloca em xeque não apenas a gestão atual, mas também a confiança da torcida e do elenco.
Dentro de campo, Rodrigo Garro segue sendo um dos destaques do time, com 85 partidas, 14 gols e 19 assistências desde sua chegada. No entanto, a instabilidade administrativa ameaça comprometer seu rendimento e a tranquilidade do grupo.
O caso reabre o debate sobre a necessidade de maior responsabilidade financeira no futebol brasileiro e pressiona o Corinthians a agir rapidamente para evitar punições ainda mais duras.