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Nota oficial divulgada pelo governo Lula gera críticas da oposição

A declaração do governo brasileiro condenando o ataque aéreo de Israel contra alvos no Irã, divulgada pelo Itamaraty na última sexta-feira (13 de junho), provocou forte reação por parte de parlamentares da oposição. A nota oficial classificou a ação israelense como uma “clara violação” da soberania iraniana e advertiu para o risco de um conflito de grandes proporções no Oriente Médio.

Segundo o comunicado, “os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial”. O governo ainda pediu o “exercício da máxima contenção” por parte de todos os envolvidos, além de defender o fim imediato das hostilidades.

Conforme destacou o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a nota não faz distinção entre os alvos militares israelenses e os ataques iranianos direcionados à população civil. “O Itamaraty não enxerga diferença nestas condutas, ou pior, incrivelmente condena Israel! Lula não tem moral para opinião sobre nada neste conflito”, afirmou o parlamentar em publicação na rede X.

O Grupo Parlamentar Brasil-Israel, presidido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), também se manifestou de forma crítica. Para ele, a diplomacia brasileira “escolhe se alinhar aos que disseminam o terror, em vez de se posicionar firmemente ao lado das nações livres e democráticas”. O senador ainda declarou que os ataques israelenses têm apoio internacional e visam prevenir a ameaça do desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã.

Parlamentares de diferentes partidos da oposição também utilizaram as redes sociais para expressar insatisfação com o posicionamento do governo. O deputado Coronel Ulysses (União-AC) comparou o Brasil desfavoravelmente à Colômbia: “Até a Colômbia é mais neutra que o Brasil”, comentou. Já o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) afirmou que “esse governo sempre do lado errado! Que Deus abençoe Israel!”.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) relacionou o fechamento temporário da Embaixada de Israel em Brasília ao teor da nota emitida pelo governo. “O amigo de ditadores e de terroristas continua fazendo estragos à imagem do Brasil”, escreveu. No mesmo tom, o deputado Messias Donato (Republicanos-ES) declarou ter protocolado uma moção de repúdio à nota diplomática e criticou o alinhamento com Teerã. “O Brasil não pode se calar diante disso nem se alinhar a ditaduras”, afirmou.

Em publicação feita no domingo (15 de junho), o ex-presidente Jair Bolsonaro relembrou a recepção que teve do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em 2019, durante visita ao país. “Deus abençoe Israel, Deus salve o Brasil”, concluiu.

Aliás, segundo levantamento do site ‘Poder360’, essa foi a 64ª nota emitida pelo governo Lula condenando ações de Israel desde o início da escalada de tensões em outubro de 2023, que envolve também o Hamas e o Hezbollah. O número contrasta com dez comunicados anteriores em que o governo brasileiro repreendeu ataques contra o próprio território israelense.

Enquanto isso, grupos aliados ao presidente Lula pressionam por um rompimento definitivo das relações diplomáticas com Tel Aviv, especialmente em razão das críticas feitas pelo presidente à atuação de Israel na Faixa de Gaza.