A rivalidade entre Barcelona e Real Madrid, precípuamente marcada por confrontos históricos em campo, voltou a se acirrar nos bastidores. Recentemente, declarações de Florentino Pérez sobre o polêmico ‘Caso Negreira’ reacenderam o embate institucional entre os clubes. O mandatário merengue citou novamente a investigação que envolveu pagamentos do Barcelona ao então vice-presidente do Comitê Técnico de Árbitros, José María Enríquez Negreira, entre 2001 e 2018, período em que o clube catalão viveu sua fase mais vitoriosa no futebol espanhol.
As palavras de Florentino foram ditas durante a Assembleia Anual de Sócios do Real Madrid, ocasião em que voltou a sugerir que os sucessos esportivos do rival coincidiram com uma atuação irregular nos bastidores. Segundo ele, “não é normal que o Barcelona tenha pago mais de 8 milhões de euros ao vice-presidente dos árbitros durante ao menos 17 anos, seja qual for o motivo”.
Diante das acusações, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, reagiu de forma contundente. Durante um evento literário realizado na sexta-feira (28) em Andorra, Laporta minimizou as suspeitas envolvendo o clube e acusou o rival de obsessão constante. “Acredito que estão fora de jogo e demonstram uma profunda barcelonite. Têm que falar do Barcelona para justificar qualquer coisa”, afirmou o dirigente blaugrana.
Ainda sobre o Caso Negreira, Laporta ressaltou que o clube nunca realizou qualquer pagamento visando manipular arbitragem. “Uma coisa é certa: o Barça nunca comprou um árbitro”, garantiu o presidente, rejeitando qualquer relação ilícita durante o período investigado.
A retórica do dirigente do Barcelona também incluiu críticas à postura histórica do Real Madrid em relação à arbitragem. “O Barcelona geralmente não é favorecido pelos árbitros, o que com certeza aconteceu a vida toda com o Real Madrid. Na semana passada, por exemplo, eles tiveram dois gols marcados para mim que não foram. Se não fosse isso, o Barça estaria liderando a La Liga agora”.
Laporta ainda destacou o incômodo do rival com o auge do Barcelona entre 2004 e 2015, período que classificou como “a melhor fase da história do clube”. Segundo ele, o time catalão foi referência mundial naquele intervalo e isso teria despertado ressentimento na cúpula madrilenha. “Fomos hegemônicos, e querem buscar justificativas onde não há. Éramos o time que jogava melhor, reconhecido e admirado por todo o mundo”.
Aliás, o presidente blaugrana também ironizou a insistência do Real Madrid em manter viva a discussão sobre o escândalo: “O Real Madrid está a esticar o Caso Negreira como um pastilha elástica, eles sabem que não há nada. É apenas uma maneira estranha de justificar as coisas”.
Assim, enquanto os desdobramentos judiciais do caso seguem encerrados — com a Justiça espanhola tendo anulado em 2024 as acusações de suborno contra o Barcelona —, a troca de declarações entre os presidentes mantém acesa a tensão nos bastidores da La Liga. Afinal, mesmo fora das quatro linhas, a rivalidade entre os dois gigantes da Espanha segue em alta voltagem.
