O Internacional apresentou ao Conselho Deliberativo sua proposta de orçamento para a temporada de 2026, com estimativa de receita bruta superior a R$ 504 milhões. O valor representa um aumento de 5,87% em relação à previsão suplementada para 2025, que foi de R$ 476,6 milhões. Ainda que o crescimento supere, mesmo que de forma discreta, os principais índices inflacionários do período, a direção reconhece que parte significativa dos recursos depende diretamente do desempenho esportivo do time e de negociações de atletas.
A maior parcela desse montante está associada à expectativa de arrecadação com vendas de jogadores. A projeção é que o clube obtenha mais de R$ 200 milhões por meio de transferências ao longo da temporada. Essa meta supera a estipulada para 2025, que era de R$ 160 milhões, sinalizando a intenção da diretoria de realizar uma ampla reformulação no elenco, inclusive com saída de peças consideradas relevantes.
Nesse cenário, o zagueiro Vitão surge como principal ativo do clube para alcançar parte dessa receita. Com contrato até o fim de 2026 e fora dos planos de renovação, o jogador poderá assinar um pré-contrato com outra equipe a partir de 1º de julho. O Inter espera negociá-lo na janela de transferências do início do ano, estabelecendo valor de 10 milhões de euros (cerca de R$ 63,9 milhões na cotação atual).

Além de Vitão, outros nomes do elenco também despertam interesse de clubes do Brasil e do exterior. Ricardo Mathias, Gustavo Prado, Anthoni e Thiago Maia foram sondados ou receberam propostas nos últimos meses. A direção colorada, aliás, considera essencial movimentar o mercado para renovar o ambiente no vestiário, sobretudo após uma temporada marcada por instabilidade e risco de rebaixamento até a última rodada do Brasileirão.
Por outro lado, o orçamento prevê redução nas receitas com premiações e bilheteria. Os valores estimados caíram, respectivamente, de R$ 90,5 milhões para R$ 68 milhões (–24,87%) e de R$ 21,5 milhões para R$ 17,8 milhões (–17,06%). Conforme os dados orçamentários, essas variações reforçam a dependência do desempenho esportivo nas finanças do clube.
Outras fontes de receita, no entanto, apresentaram crescimento. Os contratos de patrocínio devem gerar R$ 101,8 milhões (+13,14%), enquanto a arrecadação com publicidade saltou de R$ 39,7 milhões para R$ 66 milhões (+66,2%). A comercialização da licença da marca também foi ampliada em 38,36%, atingindo R$ 32,1 milhões.
“Parte relevante das receitas projetadas depende de fatores não recorrentes ou do desempenho esportivo, como bilheteria, premiações e cotas de televisão atreladas à performance do futebol profissional”, apontou o parecer do Conselho Fiscal, ressaltando que o cenário orçamentário exige cautela na execução.
Nesse ínterim, o clube também reorganiza seu departamento de futebol. Após as saídas de D’Alessandro, André Mazzucco e José Olavo Bisol, Abel Braga foi confirmado como novo diretor técnico para a temporada. O dirigente já atua na busca por um novo treinador e auxilia na montagem do grupo de trabalho para 2026.


