A nova novela das 18 horas da Globo, “Êta Mundo Melhor”, marca um avanço técnico significativo ao incorporar inteligência artificial (IA) em sua produção. A emissora anunciou que a tecnologia será usada para dar expressividade ao burro Policarpo, personagem que contracena com Candinho, interpretado por Sérgio Guizé.
Segundo Fernando Alonso, diretor de pós-produção, o recurso proporcionou “expressões humanizadas e um carisma único” ao animal. “Graças à IA, conseguimos criar efeitos e personagens que seriam desafiadores de realizar dentro de nossos prazos e recursos tradicionais”, afirmou.
Além disso, a Globo empregou IA para recriar cenários da São Paulo das décadas de 1940 e 1950, utilizando registros históricos transformados em vídeos com movimento de câmera, pessoas e veículos. A combinação entre elementos reais e virtuais permite uma imersão visual inédita na teledramaturgia da emissora.
Pesquisa histórica e arte de época reforçam realismo da trama
Paralelamente à tecnologia, a produção também investiu em pesquisa histórica minuciosa. Luiz Pereira, responsável pela produção de arte, revelou que foram utilizados objetos e referências da época, obtidos em feiras de antiguidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.
“Estamos criando situações para as crianças, trazendo referências importantes da época”, explicou. A ambientação contempla desde pratos típicos, como galinhada e ensopados, até refeições mais sofisticadas para os personagens centrais.
Outro destaque é a fábrica de biscoitos que substitui a antiga indústria de sabonetes da novela original. A equipe de design dos Estúdios Globo desenvolveu embalagens inspiradas em ilustrações da época, sem o uso de fotografias, respeitando o estilo visual dos anos retratados.
Walcyr Carrasco adota IA como suporte, mas mantém processo criativo intuitivo
O autor Walcyr Carrasco, criador do universo da trama, retorna ao projeto quase uma década após o sucesso de “Êta Mundo Bom” (2016). Em entrevista, ele explicou que o retorno de Candinho tem motivações emocionais. “Escrever sobre o Candinho é como voltar para um lugar que eu amo”, declarou.
A nova fase do personagem envolve a busca por seu filho desaparecido, um enredo inédito com forte carga afetiva.
Carrasco revelou ainda que a inteligência artificial foi utilizada como ferramenta de apoio à pesquisa, mas não na escrita. “Comecei a explorar a inteligência artificial agora, mas não para escrever. Ela me ajudou em Êta Mundo Melhor com informações, com pesquisa”, afirmou.
Apesar de envolvido em outros projetos simultâneos, o roteirista ressaltou que seu método de trabalho continua sendo guiado pela intuição. “Tudo segue um fluxo, uma sensação, não uma fórmula”, pontuou.
Novela estreia em 30 de junho e reúne equipe experiente
“Êta Mundo Melhor” tem estreia marcada para segunda-feira, 30 de junho, e conta com um time experiente em sua criação. Além de Carrasco, assinam a trama Mauro Wilson, Letícia Mey, Cleissa Regina Martins, Bruno Segadilha e Rodrigo Salomão.
O projeto preserva o estilo popular e melodramático da primeira versão, agora enriquecido por avanços técnicos e um aprofundamento nas nuances emocionais dos personagens.