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Novo diretoria do Corinthians vai dispensar vários jogadores

O Corinthians passa por um processo de reorganização profunda em dois dos seus setores mais sensíveis: as categorias de base e os contratos administrativos. A atual diretoria interina, que assumiu após o afastamento de Augusto Melo, tem atuado em frentes distintas para corrigir o que considera excessos e irregularidades herdadas da gestão anterior.

No departamento de formação, o cenário descrito pelo novo diretor Carlos Roberto Auricchio, conhecido como Nenê do Posto, é alarmante. Segundo ele, o clube convive com um “inchaço total” de atletas do sub-7 ao sub-20. “É uma coisa impossível de qualquer comissão trabalhar. Os técnicos dividem o campo em três para caber todo mundo no treino”, afirmou. Para lidar com essa realidade, a nova gestão pretende enxugar os elencos e negociar a saída de dezenas de jogadores.

Augusto Melo, ex-presidente do Corinthians
Augusto Melo, ex-presidente do Corinthians (Foto Rodrigo Coca/Corinthians)

O problema, entretanto, vai além da quantidade. Durante a gestão de Augusto Melo, foram contratados 87 atletas para a base e criadas as categorias sub-16 e sub-18, que agora serão extintas por decisão da nova diretoria. “Ano passado trouxeram de penca jogadores. Na última partida do sub-20, foram escalados três atacantes fora da faixa etária ideal. Os que têm idade para a categoria não têm condição de jogar”, criticou Nenê. A intenção é liberar atletas com contratos profissionais de forma amigável ou por meio de empréstimos a outros clubes.

Além do número elevado de jogadores, o custo do departamento também preocupa. Segundo o dirigente, a folha mensal saltou de aproximadamente R$ 800 mil em 2019 para quase R$ 1,6 milhão atualmente. “É um absurdo, por isso o clube não aguenta”, pontuou. A reformulação envolve, igualmente, uma revisão no quadro de funcionários.

Paralelamente à reestruturação da base, o Corinthians também acionou a Justiça contra aditivos contratuais firmados por Augusto Melo três semanas antes de seu afastamento. Os aditivos envolvem empresas do grupo RF Segurança e Serviços, responsáveis por vigilância e limpeza no Parque São Jorge. As alterações estenderam os contratos até junho de 2030 e elevaram a multa rescisória para cerca de R$ 29,6 milhões.

Conforme explicou o diretor jurídico Leonardo Pantaleão, os documentos sequer estavam cadastrados nos sistemas internos ou nos departamentos jurídico e administrativo. “Ao tomarmos posse, começamos a verificar empresas prestadoras de serviço. Em paralelo, fizemos uma nova cotação e escolhemos outra fornecedora”, declarou. A descoberta ocorreu durante o processo de revisão contratual da nova gestão.

Esses movimentos refletem uma tentativa do Corinthians de retomar o controle financeiro e estrutural da instituição. Enquanto busca alternativas legais para se desvincular de compromissos considerados prejudiciais, a diretoria também tenta reequilibrar seu setor de base, essencial para o futuro esportivo e econômico do clube.