segunda-feira, junho 23, 2025
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Roberta Rodrigues afirma que não recebeu indenização da Rede Globo

A atriz Roberta Rodrigues, reconhecida por papéis em produções como Cidade de Deus, trava uma batalha judicial com a Globo após episódios de racismo e assédio moral durante as gravações da novela Nos Tempos do Imperador. Embora já tenha obtido vitória parcial no processo, com sentença favorável estipulando uma indenização de R$ 500 mil, ela afirma que a emissora ainda não efetuou o pagamento.

Insatisfeita com o montante definido pela Justiça, Roberta entrou com recurso, solicitando agora R$ 10 milhões.

“Ganhei o processo já, eu recorri a respeito do valor e também pedi para que não fique em sigilo, porque eu acho que as pessoas que entrarem com qualquer ação a respeito de racismo podem usar esse processo a favor”, afirmou em entrevista ao portal LeoDias.

Críticas à ausência de posicionamento da emissora

Conforme declarou, mesmo após a condenação imposta pela juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, a emissora não se manifestou nem realizou o pagamento da quantia inicial.

“A gente não teve acordo. Eu ganhei o teto máximo do Ministério do Trabalho, e aí eu recorri pelo valor que eu pedi. E mesmo assim a Globo não pagou os 500 mil, por isso que eu tô batalhando. Vamos para os 10 milhões”, explicou.

A atriz também tem sido enfática ao reforçar a necessidade de tornar o processo público, a fim de que outras vítimas possam utilizá-lo como precedente legal. “No meu caso, eu não tive nenhum para poder acoplar no meu. Eu quero que ele sirva para que as pessoas entendam que tem que batalhar pelos seus direitos”, pontuou.

Racismo estrutural e críticas ao discurso institucional

Durante suas manifestações, Roberta abordou a persistência do racismo estrutural no Brasil, citando inclusive o caso do jogador Vini Jr. como exemplo recente. “O racismo tá cada dia mais forte, a gente vê no futebol, com o Vini Júnior. Quero que sirva para que as pessoas acordem e que as empresas entendam que isso não pode acontecer, né?”, declarou.

Ela ainda criticou as empresas que se posicionam publicamente como antirracistas, mas não promovem ações efetivas em seus ambientes de trabalho.

“Toda empresa diz que não é racista, óbvio, a gente quer muito que isso realmente seja verdade. Acho que as empresas têm que entender que têm que procurar as pessoas que são racistas dentro das suas empresas e fazer com que elas, no mínimo, respeitem a pessoa que tá ali trabalhando”, completou.

Impactos emocionais e sigilo no processo

A ação, inicialmente sob sigilo, foi revelada por meio de uma reportagem da Folha de S.Paulo. A atriz relatou que, em decorrência do ambiente hostil nos bastidores da novela, recebeu diagnóstico de burnout e precisou se afastar por três meses das gravações.

Segundo ela, havia tratamento diferenciado entre atores negros e brancos no elenco da faixa das 18h.

Roberta Rodrigues finalizou reafirmando sua disposição em prosseguir com a disputa judicial, deixando claro seu objetivo de justiça e transformação institucional: “Vou lutar pelos meus direitos até o fim!”.