No ar na novela “Dona de Mim”, exibida pela TV Globo às 19h, Luana Tanaka interpreta Gisele, uma mulher determinada que vive um relacionamento com Ayla, papel de Bel Lima. A atriz de 35 anos enxerga na personagem uma oportunidade de ampliar o debate sobre diferentes formas de existência e afeto na televisão aberta. E bem como a história na trama, não deseja envolver-se com maternidade.
Segundo a própria artista, estar em uma produção de alcance nacional contribui diretamente para a ampliação de perspectivas.
“Precisamos abrir o olhar para outras narrativas, outras perspectivas de mundo. A heteronormatividade não é realidade para o mundo inteiro, e as histórias homoafetivas sempre existiram, mas foram imensamente apagadas”, defendeu, em entrevista ao portal Terra.
Maternidade sob um novo ponto de vista
Assim como sua personagem, a paulistana não tem o desejo de gerar filhos biológicos. Em suas palavras: “Nunca tive o desejo de ser mãe, gerar uma vida. Essa vontade nunca passou por mim. Se penso em maternidade, penso em adoção”.
Luana enxerga a construção da maternidade como um conceito que vai além da biologia e acredita que as novelas podem ajudar a desconstruir estigmas sociais. “Fico muito feliz que uma novela das 19h traga relações homoafetivas, mas que esse não seja o centro da discussão, e sim a maternidade (ou não) dentro dessas construções familiares”.
Processo criativo e bastidores
Para dar vida à Gisele, a atriz passou por um processo de imersão e estudo, típico das produções de dramaturgia. Conforme relatou, a personagem foi se revelando aos poucos durante a leitura dos roteiros. “Como é uma obra aberta, não sabemos exatamente quem é o personagem — ele é inédito, dinâmico, fugidio”, explicou.
Nos bastidores, o ambiente colaborativo contribui para a evolução da personagem e do enredo. A atriz afirmou que o entrosamento com colegas como Bel Lima e Rafael Vitti tem sido leve e produtivo.
“É muito gostoso contracenar com a Bel e com o Rafa (…) O elenco é muito incrível! São pessoas abertas, que gostam de ensaiar”, relatou.
Reflexões sobre a carreira e relações humanas
A trajetória de Luana começou cedo: aos 13 anos no teatro e aos 16 na televisão. Desde então, tem construído uma carreira marcada por personagens que desafiam estereótipos. Com trabalhos reconhecidos no cinema, no streaming e nos palcos, a atriz valoriza a pluralidade de narrativas.
“Vivemos em um mundo com 8 bilhões de realidades e verdades coexistindo”, declarou.
Ao comentar sobre possíveis triangulações amorosas, como sugerido por torcedores da novela nas redes sociais, a artista admitiu que nunca viveu uma relação a três, mas reconhece a complexidade do tema.
“Acho que tem que rolar muita conversa, e ainda sim não estaríamos isentos de sofrimentos e divergências”, ponderou.
Carreira e desafios da profissão
Formada em Artes Cênicas, Luana reconhece as dificuldades enfrentadas por quem vive das artes no Brasil. “É uma profissão desafiadora, porque há momentos em que a gente tem trabalho, e em outros, não tem. Mas isso tem me ensinado a ter mais criatividade e autonomia”, refletiu.
Com papéis em séries como “Sessão de Terapia”, “3%” e “O Negociador”, a atriz nipo-brasileira reafirma seu compromisso com a diversidade no audiovisual. Para ela, a arte deve refletir a multiplicidade de experiências humanas e ampliar o debate público sobre temas relevantes.