Aos 77 anos, Marco Nanini compartilhou detalhes sobre como revelou sua orientação sexual ainda na juventude, durante a década de 1960. O ator afirmou que não se sentia confortável em manter segredo dentro de casa.
“Não dava para eu ser gay e meus pais não saberem. Sentia que tinha uma responsabilidade, um respeito, não podia enganá-los”, declarou o artista em entrevista à revista Quem. Segundo ele, os pais ficaram surpresos com a confissão, mas, conforme relatou, a aceitação não foi um problema grave: “Eles ficaram chocados, mas no fundo não tive problemas”.
Ainda sobre o início da vida amorosa, Nanini contou que se relacionou com mulheres antes de compreender seus verdadeiros desejos. A experiência o levou a uma conclusão definitiva: “Quando fui ficando mais velho, experimentei e vi que esse era meu caminho”.
Primeira ida à Parada LGBT+: visibilidade e representatividade
O ano de 2025 marca um momento simbólico para o ator. Pela primeira vez, ele irá participar da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que acontecerá no domingo (22), a partir das 10h, na Avenida Paulista. O tema da 29ª edição, “Envelhecer: Memória, Resistência e Futuro”, motivou sua presença. “Estarei na Parada para mostrar que não tem problema nenhum ser gay”, afirmou.
Ao explicar sua decisão, Nanini usou uma metáfora curiosa para se situar na história do movimento. “Me vejo como um pré-dinossauro na luta”, disse. Acrescentou ainda que, mesmo não sendo expansivo ou exibicionista, considera importante que pessoas como ele se façam visíveis:
“Pode ser bom mostrar que também têm gays como eu, uma pessoa bem comum”.
Relacionamento de longa data e consciência pública
Desde 1989, o ator mantém um relacionamento com o produtor cultural Fernando Libonati. O casal, embora viva em casas separadas, construiu uma relação baseada na confiança e no respeito mútuo. “Nunca tive ciúme. Sempre achei que a coisa mais interessante é você poder ser tudo o que é, do jeito que é, sem problema nenhum”, explicou Nanini.
Apesar de nunca esconder sua sexualidade, o artista revelou que só decidiu torná-la pública em 2011, motivado por um episódio de violência homofóbica. Ao saber que um jovem gay foi agredido com lâmpadas fluorescentes na Avenida Paulista, sentiu-se impelido a se manifestar:
“Fiquei tão chocado com aquilo que falei: ‘Vou ter que me posicionar, tenho que dizer que eu não gostei disso e por que que eu não gostei disso’”.
Reflexão madura sobre identidade
Ao longo de seu relato, Nanini demonstrou lucidez e serenidade ao tratar da própria trajetória. “Eu nunca escondi. Se as pessoas percebiam ou achavam algo, tanto faz”, resumiu. A escolha por um estilo de vida mais discreto nunca impediu o ator de viver com autenticidade.
