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Assassino de gari relata ‘situação constrangedora’ na prisão

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior teve a prisão convertida em preventiva após audiência de custódia realizada na quarta-feira (13 de agosto), dois dias após ser detido por matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte. O crime ocorreu durante uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, quando Laudemir estava em serviço, coletando lixo com colegas de equipe.

Conforme o boletim de ocorrência, Renê se irritou com a presença do caminhão de coleta ocupando a via e ameaçou a motorista, dizendo que “atiraria na cara dela”. Em seguida, após a intervenção dos garis em defesa da condutora, o empresário sacou uma arma e disparou contra Laudemir, atingindo-o no peito. A vítima foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos.

Renê fugiu do local e foi localizado horas depois pela Polícia Militar, enquanto treinava em uma academia no bairro Estoril, área nobre da capital mineira. As investigações apontaram que o empresário foi reconhecido por testemunhas e identificado pelas câmeras de segurança. O carro utilizado no crime também foi encontrado com ele.

Durante a audiência de custódia, o juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno destacou a “periculosidade acentuada” de Renê, considerando que o crime não teve caráter impulsivo, já que ele chegou a recolher o pente da arma antes de continuar os disparos. O magistrado também rechaçou o pedido da defesa pelo relaxamento da prisão, citando o histórico do acusado, que já respondeu por inquéritos por violência doméstica e por envolvimento em um acidente fatal.

Na audiência, Renê reclamou da forma como foi tratado no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira. Segundo ele, sofreu constrangimentos ao ser obrigado por agentes a agachar repetidas vezes e foi chamado de “covarde”. O empresário afirmou ainda ter dormido no chão e prometeu relatar os fatos ao secretário de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Rogério Greco.

“Teve uma situação que foi um pouco constrangedora… Eu tenho o nome da pessoa que pediu para eu agachar três vezes quando saí da cela. Tinham alguns agentes que começaram a falar: ‘Tu matou o gari por quê? Você fez isso, covarde?’ Eu falei: ‘Cara, primeiro vocês têm que entender que tem uma investigação em curso’”.

Em nota oficial, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais negou qualquer relação entre Greco e o empresário. A pasta classificou a declaração como mentirosa e reforçou que o tratamento recebido por Renê seguiu os mesmos protocolos aplicados a qualquer outro detento.

Além disso, o juiz determinou que Renê recebesse colchão, atendimento médico e que não fosse fotografado dentro da unidade. A solicitação da defesa para sigilo dos autos também foi negada, com base no princípio da publicidade processual.

O gari Laudemir, funcionário de uma empresa terceirizada prestadora de serviços à prefeitura, deixou uma filha e familiares. A administração municipal e a empresa responsável lamentaram a morte e declararam apoio à família da vítima.