Mais de três décadas após o assassinato da atriz Daniella Perez, o episódio continua ressoando nas declarações de quem viveu de perto a tragédia. Raul Gazolla, que era casado com a jovem na época do crime, revelou que a autora Glória Perez, mãe da vítima, demonstrou um raro sinal de alívio com a morte de Guilherme de Pádua, condenado pelo homicídio. O ex-ator faleceu em novembro de 2022, vítima de um infarto, aos 53 anos.
O caso ocorreu em 28 de dezembro de 1992, quando Daniella, então com 22 anos, foi brutalmente assassinada com 18 golpes de punhal. O crime foi cometido por Guilherme de Pádua e sua esposa na época, Paula Thomaz, após uma emboscada armada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Pádua interpretava um personagem que contracenava com Daniella na novela De Corpo e Alma, da TV Globo, escrita por Glória Perez. As investigações apontaram que o ator estava insatisfeito com a redução de seu papel e sua companheira demonstrava ciúmes das cenas da atriz.
Raul Gazolla, em entrevistas recentes, afirmou que sentiu um tipo de justiça simbólica com a morte de Pádua. Conforme relatou, a perda irreparável da ente querida nunca foi superada por completo, mas a partida do responsável trouxe certo alívio: “Eu agradeci ao universo e disse: ‘poxa, o mundo respira melhor hoje’. Partiu alguém que nem deveria ter nascido”.
Ainda segundo Gazolla, Glória Perez passou a apresentar um semblante mais leve apenas após a morte do assassino confesso. “Depois de 32 anos, eu vi a Glória sorrir” — relatou, ressaltando a intensidade da dor carregada pela autora desde o ocorrido. A fala também remete à memória de Luiz Carlos Saupiquet Perez, pai de Daniella, que faleceu dois anos após o crime, em decorrência de leucemia, o que o ator atribuiu ao impacto da tragédia.
Além de seu posicionamento emocional, Raul Gazolla defendeu punições mais rígidas para crimes desse tipo, chegando a sugerir prisão perpétua para homicidas com grau de psicopatia: “Assassinos como ele não podem conviver na sociedade, têm que ter prisão perpétua” .
O caso teve consequências também no campo jurídico. Glória Perez mobilizou uma campanha popular que recolheu mais de um milhão de assinaturas, culminando na inclusão do homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos. O movimento liderado pela autora gerou modificações significativas na legislação penal brasileira, tornando-se um marco na luta por justiça no país.
A repercussão do crime voltou à tona em 2022 com o lançamento do documentário Pacto Brutal, na plataforma HBO Max. A produção trouxe à luz depoimentos de amigos, familiares e envolvidos, e reacendeu o debate sobre o impacto emocional causado por um dos crimes mais notórios da década de 1990 no Brasil. Gazolla chegou a mencionar que a exibição pública dos fatos teria provocado reações adversas em Guilherme de Pádua, contribuindo para seu abalo emocional.