O desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro em 2026 será marcado, principalmente, por homenagens. Das 12 agremiações que desfilarão entre os dias 15 e 17 de fevereiro, nove escolheram reverenciar personalidades históricas, artísticas e religiosas. Essa forte tendência remete a uma tradição que se intensificou com a vitória da Beija-Flor em 2025, quando a escola homenageou o lendário diretor de carnaval Laíla e conquistou seu 15º título.
Entre os tributos mais simbólicos está o da Imperatriz Leopoldinense, que dedicará seu desfile a Ney Matogrosso. A escola destacará a carreira camaleônica do artista, valorizando sua versatilidade e papel transgressor na música nacional. Similarmente, a Mocidade Independente de Padre Miguel exaltará a cantora Rita Lee, definida como “padroeira da liberdade”, em alusão à sua irreverência e trajetória no rock brasileiro.
Também no campo musical, a Unidos de Vila Isabel escolheu prestar homenagem a Heitor dos Prazeres. Compositor, sambista e pintor, ele será o centro de um enredo que promete dialogar com a ancestralidade africana e a gênese do samba. Por outro lado, a Unidos do Viradouro levará à avenida a trajetória de Mestre Ciça, mestre de bateria homenageado com o enredo “Pra cima, Ciça”, lembrando suas contribuições para o ritmo que marca o carnaval carioca.
A literatura também será representada no Sambódromo. A Unidos da Tijuca apresentará um enredo centrado em Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo”, cuja obra evidenciou a realidade das favelas brasileiras com profundidade e autenticidade. No mesmo tom de valorização da identidade brasileira, a Portela trará a história do Príncipe Custódio, líder espiritual do batuque, religião de matriz africana praticada no sul do país.
Outras duas escolas vão destacar figuras regionais que ganham projeção nacional. A Mangueira homenageará Mestre Sacaca, curandeiro do Amapá conhecido por seus saberes da floresta amazônica. Já a Acadêmicos de Niterói, estreante no Grupo Especial, fará um enredo dedicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intitulado “Do alto do mulungu surge a esperança”.
Entretanto, três escolas optaram por caminhos diferentes. A Beija-Flor vai abordar o “Bembé do Mercado”, considerado o maior candomblé de rua do mundo, realizado em Santo Amaro, na Bahia. O Paraíso do Tuiuti mergulhará na religiosidade afro-cubana com o tema “Lonã Ifá Lukumi”. E a Grande Rio apostará na cultura pernambucana ao abordar o movimento manguebeat, no enredo “A Nação do Mangue”.
A professora e carnavalesca Rosa Magalhães também será lembrada. O Salgueiro a homenageará com uma proposta lúdica e fantasiosa que destaca sua genialidade e irreverência, intitulada “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”.
Com temáticas tão diversas e enraizadas na história e identidade brasileira, o Carnaval de 2026 promete fortes emoções na Marquês de Sapucaí.