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Diego Martins é sincero sobre ‘estigma’ em papéis gay

Com passagens marcantes por realities musicais e papéis de destaque na televisão, Diego Martins construiu uma trajetória artística que vai além da atuação. O ator, cantor e drag queen ficou nacionalmente conhecido ao interpretar Kelvin em “Terra e Paixão”, novela da Globo exibida em 2023. Entretanto, muito antes da consagração na dramaturgia, Diego já enfrentava desafios relacionados à sua identidade, sobretudo diante da homofobia.

Aos 19 anos, sua primeira aparição na TV ocorreu no programa ‘X Factor Brasil‘, em que se apresentou usando salto, maquiagem e roupas consideradas extravagantes. Embora tenha contado com o apoio da família, essa exposição também revelou o preconceito de pessoas próximas. Na época, o namorado não aceitou sua performance e demonstrou desconforto com sua expressão artística. Segundo o ator, “era tão difícil explicar para cara que me namora e dorme comigo que ele está sendo homofóbico”.

Além disso, quando ainda era menor de idade, viveu um episódio marcante envolvendo uma vizinha. Ao demonstrar afeto com o então namorado na área comum do prédio, seus pais receberam uma carta acusando Diego de cometer atos libidinosos. A família entrou com um processo, que foi negado pela Justiça. “Meu pai e minha mãe viraram leões e falaram que a gente ia para a Justiça, porque queriam entender que ato libidinoso era”, contou o ator.

Anos depois, Diego enxerga uma reviravolta como uma espécie de justiça simbólica. “A melhor vingança do mundo foi essa. Ela liga a TV no horário das 21h eu tava lá, de tarde eu tava lá, no sábado eu estou lá. A neta dela com certeza me segue”, disse, ao se referir à vizinha envolvida no episódio de homofobia.

A visibilidade veio com força após vencer o reality Queen Stars Brasil e dar vida a Kelvin, personagem que protagonizou um relacionamento homoafetivo em horário nobre. Apesar do sucesso, Diego reflete sobre o espaço limitado para atores LGBTQIA+ na televisão. “As representações de homens héteros para homens gays foram muito superficiais”, avaliou.

Mesmo reconhecido, o artista lamenta que a sexualidade ainda seja barreira para alguns papéis. “Não estudei para ser um ator gay. Eu sou gay porque essa é a minha vida e estudei para ser ator”, afirmou, ao destacar seu desejo por personagens com narrativas mais diversas.

Atualmente, Diego se dedica à música. Após assinar com a Universal, prepara o lançamento de seu primeiro álbum solo, “Tanto”. O projeto também conta com uma parceria com o cantor Belo, fruto do encontro no The Masked Singer. “É sempre legal sair da minha bolha e da minha zona de conforto”, concluiu.