Após quase dois meses de julgamento no Tribunal Federal de Manhattan, o júri decidiu na quarta-feira (02) sobre as cinco acusações que pesavam contra Sean “Diddy” Combs, de 55 anos. O rapper norte-americano foi considerado culpado em duas delas, ambas relacionadas ao transporte de pessoas para fins de prostituição.
Por outro lado, foi inocentado das três imputações mais graves, o que representou alívio para sua defesa e familiares.
A decisão parcial, ainda que não o livre de uma eventual pena de até 20 anos de reclusão, afasta a possibilidade de prisão perpétua — cenário temido por seus entes mais próximos. A sentença final está agendada para o dia 3 de outubro (quinta-feira).
Crimes julgados e penas possíveis
O artista foi absolvido das acusações de associação criminosa, tráfico sexual contra Cassandra Ventura e tráfico sexual envolvendo outra ex-parceira identificada como “Jane”. Contudo, foi condenado por transportar ambas para fins de prostituição, em episódios ocorridos durante seus relacionamentos com elas.
Segundo a promotoria, as práticas envolviam orgias alimentadas por drogas e coação emocional. A procuradora-assistente Maurene Comey afirmou que Combs “continuou cometendo crimes mesmo após saber que estava sob investigação” e destacou que “ele provavelmente voltaria a delinquir caso fosse solto”.
Família reage com alívio à absolvição parcial
Após a leitura do veredito, familiares do réu se manifestaram de forma emocionada. A mãe de Diddy, Janice Combs, declarou: “Me sinto incrível. Me sinto bem”. Um de seus filhos, Justin Combs, também comemorou: “Estou muito feliz”.
Já Christian Combs, conhecido como King Combs, expressou sua expectativa: “A primeira coisa que vou fazer é abraçar meu pai!”.
O julgamento ocorreu em meio a datas marcantes para os parentes do músico. As filhas gêmeas D’Lila e Jessie haviam acabado de celebrar a formatura, evento que aconteceu durante a fase final das audiências.
Antecedentes e denúncias ao longo dos anos
Preso desde 16 de setembro de 2024, Diddy passou a enfrentar uma série de acusações criminais e cíveis após a denúncia inicial da cantora Cassandra Ventura, sua ex-namorada. Ela o processou por agressão sexual e relatou que era forçada a manter relações sexuais com terceiros enquanto era filmada.
Outro caso relevante envolveu uma mulher identificada como “Jane”, que alegou ter sido submetida a maratonas sexuais sob uso de entorpecentes entre 2021 e 2024. Em diferentes momentos, novas queixas surgiram.
Entre elas, relatos de uma jovem que teria sido abusada aos 17 anos e de um detento que afirmou ter sido drogado e violentado três décadas atrás.
Defesa mantém versão e critica acusadores
O advogado Marc Agnifilo, responsável pela defesa, argumentou que as relações sexuais foram consensuais e que as testemunhas apresentadas pela promotoria teriam agido com segundas intenções. “Essas mulheres tomaram decisões adultas e participaram das festas por prazer”, declarou.
Embora não tenha prestado depoimento, o próprio Combs se manifestou por meio de uma publicação nas redes sociais, em que negou todas as acusações e afirmou que as denúncias tinham motivação financeira: “Alegações repugnantes foram feitas contra mim por indivíduos que buscam um dinheiro rápido”, escreveu.
Situação atual e expectativa para a sentença
Apesar da absolvição nas acusações com potencial de prisão perpétua, Diddy segue detido. O juiz responsável pelo caso, Arun Subramanian, rejeitou um pedido de fiança no valor de US$ 1 milhão, equivalente a cerca de R$ 5,4 milhões. Esse foi o quarto pedido negado desde sua prisão.
Por fim, o julgamento de um dos artistas mais influentes da música hip-hop segue gerando ampla repercussão. A definição da pena, marcada para o início de outubro, promete encerrar — ao menos judicialmente — um dos casos mais debatidos do cenário de celebridades nos Estados Unidos nos últimos anos.