As denúncias contra o influenciador Hytalo Santos ganharam grande repercussão nacional após o youtuber Felca publicar o vídeo “adultilização” no início de agosto. A produção, que levou cerca de um ano para ser concluída, ultrapassou 44 milhões de visualizações e trouxe à tona relatos de exploração de adolescentes. O caso passou a ser investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil da Paraíba, resultando na prisão de Hytalo e de seu marido, Israel Nata Vicente, conhecido como MC Euro.
O impacto da divulgação trouxe consequências diretas a Felca. O criador de conteúdo de 27 anos relatou que começou a receber mensagens anônimas com ameaças de morte. Entre os textos estavam frases como: “Vou encontrar você na rua” e “vou te matar. Você vai morrer”. Apesar do tom intimidador, ele afirmou que mantém a cautela e não se deixa abalar.

Para lidar com a situação, a Justiça de São Paulo determinou que o Google forneça dados do usuário responsável por um dos e-mails com ameaças. A decisão estipula multa diária de R$ 2 mil, limitada a R$ 100 mil, caso a empresa não cumpra a ordem. Questionado, o Google declarou que não iria comentar o caso.
Em entrevista ao Fantástico, Felca descreveu o sentimento antes de publicar o vídeo. Ele contou que viveu horas de aflição até o momento da postagem, realizada às 1h da manhã do dia 6 de agosto. No dia seguinte, já havia ultrapassado 4 milhões de visualizações. Segundo ele, a motivação partiu de experiências de pessoas próximas, vítimas de abusos na infância.
“Estou fazendo algo mais importante do que eu, desculpa aí, não vou conseguir parar”, disse o youtuber ao ser questionado sobre os riscos que vem enfrentando.
As investigações também revelaram que algumas famílias recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais para permitir que seus filhos adolescentes morassem com Hytalo. O Conselho Tutelar da Paraíba informou que nunca havia recebido denúncias anteriores, mesmo com relatos de que os jovens viviam sob rígido controle do influenciador.
Ex-funcionários ainda afirmaram que Hytalo armazenava malas de dinheiro e joias em casa, além de controlar até os horários de alimentação dos adolescentes. Eles relataram que só podiam comer mediante autorização. Durante as apurações, a Polícia Civil citou a ligação do influenciador com empresas de rifas e sorteios ilegais, o que é negado pela defesa.
Um dos ex-funcionários chegou a declarar: “Ele chegava a receber malas mesmo de dinheiro e joias”. Outro complementou dizendo que presenciou “muita sacola de dinheiro saindo da casa dele”.
O caso continua sob análise da Justiça paraibana, que já negou habeas corpus aos acusados. Enquanto isso, Felca reforça sua disposição em manter a denúncia ativa, apesar das intimidações, por considerar que o tema precisa ser amplamente discutido.