Quase um ano após sua estreia no Festival de Veneza, o longa brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, alcançou mais um marco expressivo em sua trajetória internacional. A produção foi laureada como Melhor Filme Ibero-Americano na 19ª edição do Premios Sur, realizada na noite de quarta-feira (23 de julho), no Teatro del Libertador General San Martín, em Córdoba, na Argentina.
A vitória marca a estreia da categoria na premiação, que é organizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Argentina. Dessa forma, o filme se torna o primeiro vencedor histórico da nova seção, somando o 47º troféu de sua carreira. Anteriormente, a obra já havia sido reconhecida com premiações de prestígio, como o Oscar de Melhor Filme Internacional e o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama para Fernanda Torres.
Walter Salles não compareceu à cerimônia em Córdoba, mas enviou um vídeo em que agradeceu o reconhecimento e exaltou o cinema argentino. “Este prêmio é uma honra para todos nós que realizamos esse filme. Para Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, cada um dos atores e técnicos que tornaram esse filme possível”, destacou o cineasta em sua fala de agradecimento.
Na mesma gravação, o diretor ressaltou a importância da produção premiada e sua temática central. “Compartilhamos uma profunda admiração pelo cinema argentino, por seus atores e realizadores extraordinários, por seus incríveis roteiristas, produtores e artesãos de imenso talento”, afirmou. Em seguida, comentou o simbolismo da conquista ao reforçar que o filme trata de “memória e resistência em tempos obscuros, dois territórios que o cinema argentino costuma explorar”. Ele encerrou dizendo: “Vida longa ao cinema argentino e à democracia!”.
Aliás, o reconhecimento internacional do longa tem sido frequente. Além das premiações já conquistadas, Ainda Estou Aqui está indicado em 15 categorias no Prêmio Grande Otelo, principal honraria do cinema brasileiro, cuja cerimônia ocorrerá na próxima quarta-feira (30 de julho). O filme também concorrerá ao Premio Lihuén, no Chile, novamente na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano, no dia 14 de agosto.
Apesar de não ter estado presente fisicamente, a ausência de Walter Salles não ofuscou o impacto da conquista. A aclamação crítica e os prêmios acumulados refletem não apenas a qualidade técnica da obra, mas também seu alcance temático e relevância sociocultural.
Com direção sensível e roteiro que trata de temas como pertencimento e memória, o filme vem se consolidando como uma das principais produções brasileiras da década, colecionando distinções e elevando o nome do cinema nacional em circuitos internacionais.