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Francisco Gil fala sobre legado de sua mãe, Preta Gil

Francisco permaneceu ao lado da mãe até os instantes finais, em Nova York

Francisco Gil, filho único da cantora Preta Gil, vive um processo de reconstrução emocional após a perda da mãe. A artista faleceu no domingo (20), aos 50 anos, vítima de um câncer colorretal. Desde então, o cantor tem se apoiado na memória da mãe e no impacto de sua trajetória para encontrar forças diante da ausência.

Durante a missa de sétimo dia, realizada na segunda-feira (28), na Paróquia Santa Mônica, no Rio de Janeiro, Francisco falou com a imprensa sobre esse período delicado. Ele afirmou que tem buscado conforto principalmente na história de luta e na atuação de Preta em prol da conscientização sobre o câncer.

Reaprender a viver: processo diário e doloroso

Em suas palavras, Francisco evidenciou a dificuldade de seguir adiante diante da saudade:

“Estou reaprendendo tudo, começando tudo de novo. É muito difícil entender exatamente o que é um conforto agora, mas o fato é que a minha mãe foi uma existência e uma presença de luz. E, na minha vida, foi só amor, minha mãezinha. Agora estou vendo ela com tantas coisas assim, uma presença que está aí dissolvida em muita coisa”.

Ele reforçou que Preta não deixou apenas uma herança artística, mas também um papel fundamental na luta contra o preconceito e a desinformação sobre a doença:

“Eu tenho encontrado conforto em algumas coisas. Sobretudo no que ela tem deixado em relação, não só ao legado, do que ela deixou em relação à arte, em relação a essa existência tão importante como instrumento de luta. De tudo que ela acreditava […] em relação a tudo isso que ela viveu da doença. A informação sendo espalhada por aí era um desejo muito grande dela já em vida”.

Sol de Maria e a sabedoria precoce diante da dor

Francisco também revelou a forma como sua filha, Sol de Maria, de apenas nove anos, tem lidado com o luto. A menina acompanhou de perto todas as fases do tratamento da avó e esteve presente até os momentos finais, ao lado da família, nos Estados Unidos.

“Mais de dois anos aí nessa luta, ela viveu cada etapa, muito corajosa. A gente sempre colocou ela num lugar de uma compreensão mais suave das coisas. Mas, ao mesmo tempo, ela sempre quis encarar, sempre quis estar perto. E, agora nessa viagem que a gente esteve com ela até o último segundo ali juntos, ela estava vendo tudo. Então, isso foi importante também pra ela poder entender o que estava acontecendo”.

Com um olhar emocionado, Francisco reconheceu a maturidade com que Sol tem enfrentado a perda: “Dando uma aula pra gente, porque ela sente tudo muito intensamente e, ao mesmo tempo, ela conforta. Falo as coisas pra ela e, quando ela me vê fragilizado, vem e traz aquilo de volta. Ela reafirma aquilo que a gente afirma para ela, está vendo tudo que está acontecendo”.

Missão de Preta Gil segue viva

Francisco ressaltou que a mãe sempre demonstrou coragem ao tratar de sua condição de saúde em público. Para ele, isso representa um dos principais legados deixados pela cantora.

“O legado está aí. É muito importante o que ela já vinha fazendo em vida com relação a esse conhecimento maior com relação à doença, às prevenções, a tudo com relação à informação. E ela acabou, mais uma vez, sendo um instrumento de poder de amplificar tudo aquilo que ela acreditava. Legado de poesia, de amor, de uma obra em forma de vida, isso a gente sabe bem”.

Ele também relembrou o momento em que Preta foi informada de que precisaria usar uma bolsa de ostomia:

“Lembro bem do dia que ela soube da bolsa, de cara ela já imaginou como ia empoderar pessoas que também estavam nessa situação. [Falava] ‘com certeza vou postar foto de biquíni pra todo mundo ver’. Bom que ela tá salvando vidas”, completou.

Últimos momentos e saudade presente

Francisco permaneceu ao lado da mãe até os instantes finais, em Nova York. Agora, conforme ele mesmo relatou, a ausência começa a pesar de maneira mais intensa:

“A gente está começando a sentir essa saudade, porque foi tão intenso tudo que a gente viveu lá, a gente tava com ela até o final. E agora que a saudade está começando a apertar. A saudade, mesmo, aquela coisa de querer mandar mensagem, de querer estar perto”.