O youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, participou do Altas Horas, exibido no sábado (16), e fez sua primeira manifestação pública na televisão sobre o vídeo que produziu denunciando a exploração e adultização de crianças na internet.
Durante o programa da TV Globo, o influenciador se posicionou com firmeza contra a presença de menores como criadores de conteúdo digital.
Segundo Felca, o ambiente online é inadequado para crianças, pois expõe os menores a riscos que eles não estão preparados para enfrentar.
“Criança não deve produzir conteúdo na internet. Internet é um ambiente para adultos […] A exposição não é algo fácil de lidar, vem com críticas, às vezes com um assédio e criança não está preparada para receber qualquer tipo dessas coisas” .
Impacto do vídeo e consequências jurídicas
O vídeo intitulado Adultização, publicado em 6 de agosto, gerou repercussão imediata e alcançou mais de 44 milhões de visualizações no YouTube. A produção levou à prisão do influenciador Hytalo Santos e do marido dele, Israel Nata Vicente, em Carapicuíba (SP).
O casal foi detido preventivamente por crimes relacionados à exploração sexual de menores e tráfico de pessoas.
No programa, Felca explicou que a produção do material levou cerca de um ano e incluiu um extenso processo de pesquisa, que o deixou emocionalmente abalado. Apesar disso, destacou que considera o trabalho necessário e se mostrou satisfeito com os resultados.
“Eu fico muito feliz porque não é sobre mim, não é sobre eu como pessoa. É sobre a causa mesmo” .
Denúncias e argumentos apresentados
No vídeo, Felca denunciou práticas envolvendo adolescentes em contextos exploratórios. Entre os casos citados, apontou o de Kamylinha, que teria sido exposta em redes sociais de maneira sexualizada desde os 12 anos.
Além disso, revelou que a monetização nas plataformas digitais incentiva a exposição de menores, o que facilita o acesso de criminosos a esses conteúdos.
O youtuber alertou sobre o uso de códigos por pedófilos nas redes sociais e afirmou que os algoritmos dessas plataformas contribuem para a disseminação de conteúdo impróprio, recomendando vídeos com base em curtidas e tempo de exibição.
Para ele, “essas contas de perfis de crianças estão sendo utilizadas para promover trocas de pornografia infantil. Isso é muito sério”.
Repercussão política
O conteúdo motivou ações imediatas no Congresso Nacional. Parlamentares de diferentes partidos apresentaram propostas para regular a atuação de crianças nas redes sociais.
Um grupo de trabalho foi criado na Câmara dos Deputados, e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) solicitou a presença de Felca em uma audiência pública para discutir o tema com representantes de plataformas digitais e órgãos de investigação.
Histórico e visão pessoal
Felca revelou que começou a produzir vídeos aos 12 anos, mas foi impedido pelos pais, o que hoje considera uma atitude acertada. Só retornou à internet como criador de conteúdo em 2019, com uma proposta que mistura humor e crítica social.
Durante sua fala no Altas Horas, reforçou que a criação de conteúdo por crianças só deveria ocorrer com intensa supervisão dos pais e, caso isso não seja possível, defendeu o bloqueio do acesso às redes.
O influenciador finalizou sua participação com um recado direto: “Quem tem que ter medo são eles [os pedófilos], não a pessoa que tá denunciando”.