Durante entrevista concedida no programa Companhia Certa, da RedeTV!, Fábio Porchat refletiu sobre os caminhos do humor no Brasil e compartilhou lembranças do início de sua carreira ao lado de Paulo Gustavo. A conversa, conduzida por Ronnie Von, foi marcada por uma mistura de nostalgia e análise crítica sobre o papel social da comédia na atualidade.
A parceria entre Porchat e Paulo Gustavo remonta aos tempos em que ambos frequentavam a escola de teatro. Segundo Porchat, a convivência com o colega foi decisiva para moldar sua trajetória artística, especialmente nos primeiros roteiros que desenvolveu. Embora Paulo Gustavo não assinasse os textos, sua influência era constante no processo criativo.

“Éramos uma dupla em infraestruturas. Eu escrevia os textos e corria para ele ler comigo, porque ele era brilhante, muito engraçado, então ele me falava: ‘Hum, isso aqui não está funcionando’. Eu ia para casa, mexia. Esses textos não foram escritos pelo Paulo, mas, evidentemente, têm o DNA dele em todos eles e em mim também”.
Atualmente, Fábio Porchat é um dos nomes mais conhecidos da comédia brasileira. Ele é sócio-fundador da produtora Porta dos Fundos e apresenta o programa Que História é Essa, Porchat?, no GNT. O formato do programa, segundo ele, foi desenhado para explorar seu improviso e habilidade em conduzir conversas informais com convidados.
Aliás, ele contou que a criação do programa foi motivada por uma reflexão sobre seus pontos fortes: “Pensei: ‘O que eu sei fazer? Sei bater papo, improvisar, consigo melhorar as histórias das pessoas e ainda sou engraçado […] E se eu fizesse o programa só com o ‘filé mignon’ dos talk shows?’”.
Durante a entrevista, o humorista também abordou de forma crítica a função do humor no debate público. Para ele, a comédia deve, antes de tudo, provocar risos, mas não se limita a isso. “Tem que fazer rir, esse é o ponto de partida. Mas ela também pode lançar luz sobre determinados assuntos e, às vezes, jogar sombra. O humor está aí para provocar reflexão”.
Em contraste com uma visão exclusivamente escapista da comédia, Porchat reforçou a ideia de que o riso pode coexistir com a crítica. Essa perspectiva tem marcado sua atuação tanto nos palcos quanto na televisão, onde frequentemente envolve temas sensíveis e debates sociais em suas produções.
O encontro entre os dois humoristas, ainda nos tempos de formação artística, revela não apenas uma amizade, mas também um intercâmbio criativo que, segundo Porchat, permanece presente em sua obra. A lembrança de Paulo Gustavo, falecido em 2021, surgiu como uma celebração da parceria que ajudou a impulsionar dois dos nomes mais relevantes do humor nacional na última década.