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Thais Carla revela dificuldades após cirurgia

Segundo os especialistas ouvidos, a recuperação requer apoio de uma equipe variada de especialistas

A influenciadora digital Thais Carla, de 33 anos, revelou detalhes sobre o período de adaptação após a cirurgia bariátrica realizada em abril. Desde o procedimento, a dançarina já eliminou cerca de 52 quilos, mas relatou que a transformação corporal veio acompanhada de mudanças intensas na alimentação e no comportamento.

Conforme seu depoimento, uma das principais dificuldades tem sido reaprender a mastigar corretamente. “Tive até que aprender a mastigar. Agora, comer virou um ato de cuidado comigo e com meu corpo”, afirmou a artista, em entrevista ao portal Gshow.

A mastigação inadequada, segundo especialistas, pode causar desconfortos como refluxo, náuseas e vômitos, além de riscos de obstrução.


Recomendações clínicas e riscos nutricionais

O nutrólogo Dr. Neto Borghi explicou que, após cirurgias como o bypass gástrico ou a gastrectomia vertical (sleeve), há uma drástica redução na capacidade estomacal — o chamado reservatório gástrico, que passa a comportar entre 30 e 150 mililitros.

Como resultado, o paciente precisa fracionar a alimentação e priorizar alimentos com alta densidade nutricional.

Além disso, é comum o surgimento de carências nutricionais, como a deficiência de ferro. “É altamente prevalente, sobretudo em procedimentos com componente disabsortivo. O bypass desvia o duodeno e o jejuno, locais-chave para a absorção do ferro”, explicou o médico. Ele ainda alertou que a suplementação de ferro pode não ser suficiente, exigindo, em certos casos, a aplicação endovenosa.


Impacto psicológico e readaptação comportamental

O pós-operatório de Thais também envolve um profundo impacto emocional. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), mais de 70% dos pacientes relatam instabilidade psicológica no primeiro ano após o procedimento.

O cirurgião Dr. Bruno Zilberstein destacou que a relação emocional com a comida, muitas vezes, desencadeia episódios de ansiedade ou depressão quando essa dinâmica é alterada radicalmente.

Thais Carla admitiu enfrentar essas dificuldades. “Estou ansiosa para viver novas experiências, com menos transtornos (…) É como se eu nascesse de novo”, compartilhou. Atualmente, ela recebe acompanhamento psicológico e nutricional para lidar com as mudanças e manter os resultados conquistados.


Adaptação contínua e suporte multidisciplinar

Segundo os especialistas ouvidos, a recuperação requer apoio de uma equipe variada, que inclui nutricionistas, psicólogos e médicos. É fundamental que o paciente siga orientações específicas, como realizar refeições em ambientes calmos, mastigar cada porção entre 20 e 30 vezes e evitar distrações durante a alimentação, a fim de desenvolver uma consciência alimentar plena — prática conhecida como mindful eating.

Dr. Neto Borghi concluiu que “a rotina pós-bariátrica é marcada por acompanhamento multidisciplinar contínuo, para evitar reganho de peso, garantir adesão a novos hábitos e reduzir o risco de complicações metabólicas”.

Ainda segundo ele, o comprometimento com os protocolos clínicos é essencial para prevenir sintomas como dumping, hipoglicemia reativa e deficiências crônicas.