O ator Mateus Solano compartilhou detalhes pessoais sobre os efeitos da fama em sua vida emocional e profissional. Em entrevista ao podcast Selfie Service, apresentado por Lucas Selfie, o artista relembrou momentos de grande exposição ao público e revelou episódios de crise de pânico relacionados ao assédio constante que enfrentou no auge da carreira.
Solano destacou que sua trajetória sofreu uma reviravolta após interpretar os gêmeos Miguel e Jorge na novela Viver a Vida (2009), papel que o tornou nacionalmente conhecido. “A história de ficar famoso foi um grande susto”, declarou.
Segundo ele, a partir daquele momento, começou a lidar com o assédio de forma intensa: “Eu ia pegar um avião e as pessoas vinham de longe, vinham famílias. Eu entrava no táxi tremendo, as lágrimas caíam. Eu não me preparei pra isso, eu não estudei pra fama”, confessou.
Além das dificuldades com o reconhecimento excessivo, o ator também revelou temores quanto à sua imagem na televisão. Mateus relatou que, nos primeiros anos na TV Globo, tinha receio de ser rotulado apenas como o “galã chato” dos folhetins. “Meu medo inicial era ser estigmatizado como o galã”, comentou, explicando que vivia em uma época em que a televisão ainda era um monopólio e a exposição nos veículos de mídia era intensa.
Outro ponto levantado pelo ator foi a construção do personagem Félix, na novela Amor à Vida (2013), escrita por Walcyr Carrasco.
Conforme Solano, a emissora demonstrava insegurança ao colocar um personagem homossexual como vilão no principal horário da dramaturgia. “Félix foi construído para ser engraçado, até porque tinha um medo da empresa de colocar um homossexual como vilão, ele seria o primeiro”, revelou. No entanto, a repercussão acabou sendo positiva: “Esse homossexual é vilão? Ele é totalmente incompreendido pelo pai, pela sociedade. Foi um grande serviço, na verdade”, refletiu.
Por fim, o ator comentou como sua fama o afastou da própria identidade. Segundo ele, o público desejava interagir com os personagens que interpretava, o que o fazia se sentir uma figura secundária em sua própria vida. “As pessoas queriam falar com o Félix, com o Zé Bonitinho, com o Miguel, e eu tava ali atrás falando: ‘Mas eu tô aqui’”, desabafou.