Juliana Marins, brasileira de 26 anos, foi registrada em vídeo momentos antes do acidente que resultaria em sua morte no Monte Rinjani, na Indonésia. As imagens mostram a jovem ao lado da turista italiana Federica Matricardi, com quem havia iniciado a trilha. As duas demonstravam frustração com a paisagem encoberta por neblina no topo da montanha.
“Subimos uns 1.500 metros. Foi muito difícil”, relatou Federica, que conheceu Juliana na véspera do passeio.
O vídeo, gravado após a primeira etapa da subida, mostra Juliana dizendo: “Nós fizemos (o passeio) pela vista. Então, estou feliz”, revelando otimismo apesar das condições adversas. Juliana trajava calça jeans, camiseta, tênis e luvas – roupas inadequadas para uma noite exposta em ambiente de clima severo e ar rarefeito.
▶️ Indonésia: veja últimas imagens de brasileira antes de cair em vulcão
— Metrópoles (@Metropoles) June 24, 2025
No vídeo, Juliana aparece com uma colega estrangeira elogiando a ilha turística de Lombok, na Indonésia: "Fizemos tudo isso pela vista"
Leia: https://t.co/5mZvHLFV6n pic.twitter.com/K7KdKiJtlT
Acidente e primeiras reações
O acidente ocorreu por volta das 19h de sexta-feira (20), no horário de Brasília. Juliana integrava um grupo de sete turistas, acompanhados por dois guias, quando optou por parar alegando cansaço. Conforme relatos da irmã, Mariana Marins, “ela ficou para trás e o guia seguiu com o grupo, sem esperar”. A ausência de supervisão direta e a demora no retorno agravaram a situação.
Segundo o guia Ali Musthofa, ele se afastou por cerca de três minutos e só retornou depois de 15 a 30 minutos, ao perceber que Juliana não aparecia. Ao procurar, viu a lanterna da jovem no despenhadeiro e ouviu seus gritos por socorro.
“Tentei desesperadamente dizer para ela esperar por ajuda”, declarou.
Três horas e meia após a queda, turistas conseguiram localizar Juliana por drone, presa em uma fenda. Ela estava consciente e visivelmente com dificuldades de locomoção.
Falhas no socorro e desencontro de informações
As operações de resgate foram marcadas por falhas graves. No sábado (21), a família foi informada que Juliana havia recebido comida, água e cobertores. No entanto, posteriormente descobriram que as imagens enviadas eram forjadas. A jovem jamais recebeu qualquer suprimento ou atendimento naquele momento.
O embaixador brasileiro na Indonésia admitiu ter repassado informações equivocadas, baseando-se em dados imprecisos das autoridades locais. Em paralelo, a visibilidade reduzida pela neblina e o terreno íngreme dificultaram os esforços. Helicópteros não puderam ser usados. A operação envolveu 48 militares, e apenas na terça-feira (24) sete socorristas conseguiram alcançar a região da queda.
Constatação do óbito e reações
O corpo de Juliana foi localizado na manhã de terça-feira (24), aproximadamente 90 horas após o acidente, a cerca de 1.050 metros de profundidade em um despenhadeiro. A informação foi divulgada oficialmente pela família: “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu”.
O pai da jovem, Manoel Marins, embarcou para a Indonésia no mesmo dia. Em Lisboa, antes do voo, pediu orações pela filha. Ao mesmo tempo, o Parque Nacional do Monte Rinjani decidiu, tardiamente, interditar a área para turistas, quatro dias após o início das buscas.
Histórico do local e reação oficial
Nos últimos cinco anos, o Parque Nacional do Monte Rinjani registrou 180 acidentes e oito mortes. Só em 2024, foram 60 ocorrências, o dobro do ano anterior. A trilha é conhecida por exigir preparo físico e psicológico, além de guias experientes.
Em nota, o Itamaraty lamentou o ocorrido e afirmou que a Embaixada do Brasil em Jacarta acompanhou o caso desde o início. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, expressou solidariedade: “A perda deixará um vazio imenso”.