sexta-feira, agosto 8, 2025
15 C
São Paulo

A declaração da namorada de Caio, do Atlético-MG, sobre caso de racismo na Sul-Americana

O caso se soma a uma sequência de episódios semelhantes nas competições da Conmebol

Durante o confronto entre Atlético e Atlético Bucaramanga, realizado na quinta-feira (17), pela ida dos playoffs da Copa Sul-Americana, o lateral-esquerdo Caio Paulista foi alvo de insultos racistas no estádio Américo Montanini, na Colômbia.

No momento em que os atletas se dirigiam aos vestiários para o intervalo, um indivíduo foi flagrado imitando sons e gestos ofensivos em direção ao jogador brasileiro. Conforme relato oficial do clube mineiro, “ainda no local da partida, foi feito o boletim de ocorrência, e o torcedor foi identificado e preso”.

Posicionamentos do clube e autoridades

Após a ocorrência, a diretoria atleticana condenou o episódio com veemência. Em nota, o clube questionou a repetição desses episódios no cenário esportivo. “Essa situação é revoltante e precisa acabar de uma vez por todas! Até quando teremos que conviver com esse absurdo? Até quando?”.

O diretor de futebol, Victor Bagy, também cobrou sanções mais rigorosas: “Enquanto não houver punições mais severas, que talvez inclua punição maior aos clubes, a gente ainda vai continuar presenciando situações assim”.

Reação de companheiros e familiares

O episódio causou revolta também entre jogadores e familiares. Hulk discutiu com torcedores colombianos nas arquibancadas, enquanto o técnico Cuca destacou o choque diante da atitude. “Eu fico surpreso por que o povo colombiano é muito parecido com o brasileiro. A gente sempre se deu muito bem, me estranha o movimento que houve. Quem fez terá que responder pela consequência até que se acabe isso”.

Nas redes sociais, Marcella de Marchi, esposa de Caio, também se manifestou com indignação: “Sem comentários. Só consigo pensar no quanto nossa sociedade já deveria ter evoluído. Triste pensar como ainda existem pessoas com essa mentalidade medíocre. Completamente inadmissível”.

Repercussão institucional e punições anteriores

O caso se soma a uma sequência de episódios semelhantes nas competições da Conmebol. A entidade sul-americana anunciou que o incidente está sob investigação e pode culminar em processo disciplinar. No entanto, a falta de medidas efetivas tem gerado críticas frequentes, inclusive de clubes brasileiros.

Em 2023, a confederação afirmou adotar política de “tolerância zero”, mas as sanções aplicadas – em geral, multas e interdições parciais de estádios – têm sido consideradas brandas.

Exemplos recentes envolvem torcedores do San Lorenzo, River Plate, Cerro Porteño e Sporting Cristal, punidos com valores entre US$ 15 mil e US$ 50 mil, além de partidas com portões fechados.

Estatísticas e combate ao racismo

Dados do Observatório da Discriminação Racial no Futebol apontam queda nas denúncias em 2024, estimadas entre 105 e 110, ante 136 em 2023.

A implementação do reconhecimento facial obrigatório em estádios com mais de 20 mil lugares foi citada por Marcelo Carvalho como uma das ações que devem facilitar a identificação de agressores. “A certeza de impunidade que existia antes está diminuindo”.

Desdobramentos esportivos

Apesar do ocorrido, a equipe mineira venceu a partida por 1 a 0, com gol de pênalti convertido por Hulk aos 23 minutos da etapa final. Com a vantagem, o time de Belo Horizonte avança com um empate no duelo de volta, marcado para a próxima quinta-feira (24), na Arena MRV.