Em meio a um cenário de instabilidade financeira, o Atlético vive um dos momentos mais decisivos da temporada. As pendências salariais atingiram parte do elenco, que passou a se pronunciar publicamente, ao mesmo tempo em que o clube enfrenta uma sequência intensa de partidas eliminatórias. A crise fora de campo, portanto, coincide com um período de extrema exigência esportiva.
Segundo informações recentes, os vencimentos referentes ao último mês não foram pagos e há dívidas pendentes também no que diz respeito aos direitos de imagem, com atrasos desde o último dia 20. O clube ainda não definiu quando quitará os valores devidos, o que amplia a tensão nos bastidores, especialmente diante da queda de receitas e da limitação de investimentos. Ainda assim, a diretoria segue contando com a confiança dos atletas para manter o foco nas competições em disputa.

Hulk foi o primeiro a se manifestar sobre a questão. Durante um treino aberto, o atacante relatou que a ausência de informações concretas gera dúvidas no ambiente interno. “A gente fica numa expectativa grande porque, a gente chega aqui em dia de trabalho, vê um ou outro jogador e pergunta se irá ter solução, se um dia irão pagar. Às vezes, a gente fica um pouco perdido, sem informação. Mas o mais importante é saber que estão tomando as providências”, afirmou o camisa 7.
Outro que abordou o tema foi Rony. Apesar do tom conciliador, o atacante ressaltou os impactos da incerteza sobre o planejamento pessoal e do grupo. “Entendemos a realidade do clube. A gente só queria uma explicação para a gente se programar porque também temos que pagar as contas. Mas a gente confia na SAF e de que tudo vai se resolver”, declarou o jogador, que tem sido presença constante nas últimas escalações.
Logo após a partida contra o Bahia, disputada no sábado (12), Guilherme Arana e Lyanco também comentaram a situação. Ambos procuraram reforçar a confiança nas medidas que vêm sendo adotadas pela direção. “Acho que está bem resolvido. O pessoal já passou para a gente essas questões para a gente. Temos que fazer o nosso papel, pois somos funcionários do clube e temos um escudo a zelar. Acredito que essa situação logo se normalizará”, disse Arana. “A gente está confiante no que falaram para nós. Da mesma forma que eles confiam na gente aqui no campo, temos também que dar essa porcentagem de confiança de tudo que falam para a gente”, completou Lyanco.
Paralelamente, o Galo encara um mês de decisões importantes. O time inicia sua trajetória nos playoffs da Sul-Americana nesta quarta-feira (17), contra o Bucaramanga, na Colômbia, às 21 horas (horário de Brasília). A volta está marcada para o dia 24, na Arena MRV. Já pela Copa do Brasil, o confronto direto será diante do Flamengo, com jogos em 31 de julho, no Rio de Janeiro, e 6 de agosto, em Belo Horizonte.
Além dos mata-matas, o clube também enfrenta compromissos importantes no Campeonato Brasileiro: contra Palmeiras (20/07), Flamengo (27/07) e Bragantino (03/08). A maratona de jogos exigirá respostas rápidas dentro e fora de campo, em um momento de pressão por resultados e equilíbrio financeiro.
A permanência nas duas copas representa não apenas importância esportiva, mas também financeira. O clube estima arrecadar cerca de R$ 8,1 milhões se avançar às quartas de final da Copa do Brasil e às semifinais da Sul-Americana, valores que poderiam aliviar parte das obrigações pendentes.