A participação do Botafogo na Copa do Mundo de Clubes vai deixar marcas dentro e fora de campo, inclusive no caixa. O clube carioca, por ser uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), será o único representante brasileiro no torneio a recolher tributos à Receita Federal sobre a premiação recebida. Cabe ressaltar que os demais brasileiros seguem isentos por operarem sob outro modelo jurídico.
Estrutura empresarial traz obrigações fiscais
De acordo com apuração da coluna de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, a SAF alvinegra está sujeita ao regime unificado de arrecadação de tributos federais IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins e contribuição previdenciária. A alíquota aplicada é de 5% sobre os valores creditados em conta após deduções internacionais, como impostos locais e taxas da Fifa.
Isso porque, mesmo com o torneio sendo disputado nos Estados Unidos, e as receitas já enfrentando a carga tributária local, o Botafogo ainda terá que arcar com a tributação nacional. Por isso, uma fatia considerável da premiação de US$ 26,7 milhões (cerca de R$ 145,8 milhões) será destinada ao fisco brasileiro.
Outros clubes escapam da mordida do leão
Vale destacar que Palmeiras, Flamengo e Fluminense não enfrentarão o mesmo ônus. Esses clubes ainda operam como associações civis sem fins lucrativos, estrutura que os isenta da contribuição de 5% sobre premiações recebidas no exterior.
Sendo assim, o Tricolor carioca, que já garantiu ao menos US$ 60,8 milhões, poderá reverter a totalidade desse montante em investimentos. O Palmeiras embolsou US$ 39,83 milhões, enquanto o Flamengo ficou com US$ 27,7 milhões, ambos livres da cobrança federal. Dessa maneira, a diferença estrutural entre SAF e associações convencionais se torna mais evidente e, neste caso, menos vantajosa ao Botafogo.
Uma escolha que tem peso no orçamento
Com isso, o modelo de SAF adotado pelo Botafogo se mostra eficiente na gestão e atratividade de investimentos, mas também carrega obrigações fiscais que impactam diretamente no retorno financeiro. Além disso, a situação acende o alerta para clubes que cogitam a transformação em SAF, porque decisões jurídicas e fiscais podem pesar tanto quanto os resultados em campo.