quarta-feira, agosto 20, 2025
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Diretor da Eagle pressiona pela saída de Textor do Botafogo e dono da SAF responde

Conflito entre Textor e Eagle expõe crise pelo comando da SAF do Botafogo

A disputa pelo controle do Botafogo SAF ganhou novos contornos nos últimos dias, colocando frente a frente John Textor, dono majoritário da operação, e a Eagle Football, grupo parceiro na administração. A tensão se intensificou após o diretor independente Christopher Mallon encaminhar ao Botafogo associativo um pedido formal pela saída do empresário norte-americano do comando da SAF.

As cartas trocadas entre as partes datam de 5 e 9 de agosto e tinham como pano de fundo uma cobrança de R$ 152 milhões. O valor seria referente a um empréstimo solicitado pela Eagle para atender necessidades de caixa do Lyon, também controlado pelo conglomerado. Mallon negou a existência dessa dívida e, em sua correspondência, ressaltou a disposição da Eagle em manter o padrão esportivo e financeiro do Botafogo, sem a presença de Textor.

John Textor, dono da SAF do Botafogo
John Textor, dono da SAF do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

— “A Eagle Bidco, por meio do diretor independente, está pronta para trabalhar com o clube a fim de descobrir quaisquer passivos ocultos, resolver necessidades de fluxo de caixa e assegurar os recursos necessários para a estabilidade e o sucesso esportivo. Solicitamos, portanto, sua cooperação para trabalharmos juntos nesse objetivo” — escreveu Christopher Mallon.

Do outro lado, Textor reagiu de imediato. O dirigente alegou que a chegada de Mallon, em abril, não o retirou do cargo de diretor-presidente do grupo. Ele acusou o britânico de tentar prejudicar sua imagem e afirmou que já havia proposto alternativas para harmonizar a relação societária e lidar com dívidas do clube.

— “Você já sabe que apresentei diversas propostas que restabeleceriam a harmonia entre as partes, enquanto discutimos opções interessantes para capitalização acionária (como manter a trajetória do IPO) e também opções para a cisão do Botafogo (com amortizações significativas da dívida). Peço sinceramente, e recomendo fortemente, que você não permita que mudanças destrutivas de valor ocorram na SAF Botafogo sob sua assinatura” — afirmou John Textor.

Esse embate ganhou um novo capítulo após reunião em Nova York, na sexta-feira (15 de agosto), com representantes da Eagle e da Ares. Textor apresentou uma proposta para recomprar a SAF, por meio de uma empresa recém-criada nas Ilhas Cayman. O movimento contou com apoio financeiro de Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest, da Inglaterra, mas gerou reação jurídica da Eagle, que busca impedir a separação do Botafogo do grupo multiclubes.

— “Notícias sobre um cronograma específico para a realização de uma oferta de aquisição não são verdadeiras. Estamos tendo conversas produtivas, dentro da Eagle, para resolver todas as divergências entre os acionistas e tomar uma decisão sobre nossa futura estratégia de negócios. A compra pela gestão é apenas uma das opções que foram consideradas, e é provável que permaneçamos unidos em nossa atual rede multiclubes. A especulação de terceiros, que têm suas próprias agendas, é contraproducente. Se não tiver uma fonte citada diretamente, simplesmente não acredite. Tanto a Eagle quanto a SAF Botafogo estão focadas na continuidade de uma temporada de sucesso em 2025” — completou Textor em novo posicionamento.

Em síntese, o Botafogo se vê no centro de uma disputa corporativa marcada por acusações públicas, ações judiciais e negociações internacionais. Enquanto a Eagle defende uma gestão sem o atual controlador, Textor se movimenta para manter o poder e, eventualmente, reorganizar a estrutura acionária do clube.