Horas antes de ser oficialmente afastado da presidência do Corinthians, no último dia 26 de maio, Augusto Melo assinou um aditivo contratual que já causa desconforto nos bastidores do clube. O documento triplicou a multa rescisória de Marcos Boccatto, então superintendente de novos negócios, elevando o valor de R$ 25 mil para cerca de R$ 75 mil.
A revelação, feita pela Gazeta Esportiva, reacende questionamentos sobre a conduta do ex-presidente nos momentos finais de sua gestão. O aditivo foi assinado por Melo e Boccatto na mesma quarta-feira em que o Conselho Deliberativo aprovou seu impeachment.
Além disso, o contrato teve as assinaturas de duas testemunhas: Dayna Nassif Barossi, assessora direta de Melo, e Adalberto Garcia Gregui, responsável pela operação da Neo Química Arena.
Contrato questionado e demissão imediata
A situação se agravou porque Boccatto foi desligado do clube já na primeira semana da nova gestão interina de Osmar Stabile, que também exonerou outros membros da antiga diretoria.
Sendo assim, o aumento repentino da multa causa perplexidade interna. Vale destacar que o aditivo não passou por avaliação do departamento jurídico do clube, o que levanta dúvidas sobre sua legalidade.
Relações perigosas e suspeitas externas
Boccatto já era citado em investigações do caso VaideBet, tendo, supostamente, intermediado recursos para a campanha de Augusto Melo com ajuda de agências de jogadores. Segundo inquérito da Polícia Civil, ele atuava em parceria com figuras próximas à presidência, o que pode configurar tráfico de influência.
Por isso, o clube cogita abrir uma investigação interna para identificar outros possíveis aditivos assinados por Melo. Casos semelhantes, como o da empresa RF Segurança e Serviços, contratada para atuar no Parque São Jorge e na Neo Química Arena, também estão sob análise.
Silêncio e proteção de dados
Procurados pela reportagem, Augusto Melo e Dayna Barossi limitaram-se a destacar a proteção dos dados pessoais sob a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
“Não tenho nada a me manifestar”, declarou Dayna. Já o Corinthians, até o momento, preferiu não se pronunciar oficialmente.
Dessa maneira, a diretoria interina deve manter atenção redobrada aos documentos firmados no apagar das luzes da gestão afastada, com isso, o clube tenta evitar novos episódios de instabilidade jurídica e administrativa.