O Corinthians oficializou neste sábado (09 de agosto) a destituição de Augusto Melo da presidência, após aprovação do impeachment em assembleia geral realizada no Parque São Jorge. A votação, que se estendeu durante todo o dia, registrou 1.413 votos a favor (69,37%) e 620 contra, além de quatro votos nulos e em branco. Melo já estava afastado do cargo desde 26 de maio, por decisão do Conselho Deliberativo.
O processo foi motivado por denúncias envolvendo o “Caso VaideBet”, que apontam supostas irregularidades no contrato de patrocínio firmado em janeiro de 2024. A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo investigam o ex-presidente pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto. Também figuram como réus o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano, o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e o empresário Alex Fernando André, o “Cassundé”, citado como intermediário do acordo.
As apurações indicam que mais de R$ 1 milhão teria passado por empresas de fachada antes de chegar a uma agência de gestão esportiva ligada a Ulisses Jorge, supostamente para custear despesas da campanha eleitoral de Melo. O episódio levou à rescisão antecipada do contrato com a casa de apostas, após acionamento de cláusula anticorrupção.
Durante o dia da votação, o clima no Parque São Jorge foi de tensão. Melo chegou cedo ao local, mas deixou o ginásio antes do fim da contagem, sem falar com a imprensa. Após o resultado, divulgou nota oficial em que contesta a condução do processo.
“O presidente Augusto Melo vai contestar as irregularidades da votação deste sábado, tomando as medidas cabíveis pelas vias adequadas. Entre os absurdos ocorridos neste sábado está a condução da votação por pessoas que estão em campanha contra Augusto Melo, sem isenção para desempenhar essa função. A diretoria interina permitiu que entrassem no clube membros de organizadas que coagiram os votantes e se negou a disponibilizar o registro de entrada dos sócios no clube, para que fosse possível comparar o número de entradas com o número de votos. A apuração das urnas foi controlada pelos adversários do presidente. Na esfera judicial, todas as medidas estão sendo tomadas para provar a inocência de Augusto Melo em relação a acusações falsas que ensejaram a condução de um inquérito nulo pela Polícia Civil”, declarou o ex-mandatário.
Com a saída de Melo, o primeiro vice-presidente Osmar Stabile segue interinamente no comando. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, convocará novas eleições indiretas, nas quais apenas conselheiros com pelo menos dois mandatos ou vitalícios poderão concorrer. O eleito cumprirá mandato-tampão até dezembro de 2026.
Eleito em novembro de 2023, Augusto Melo quebrou uma hegemonia de 16 anos do grupo Renovação e Transparência à frente do clube. Entretanto, sua gestão foi marcada por crises políticas e disputas internas, tendo como principal conquista esportiva o título paulista de 2025.
O episódio representa mais um capítulo de instabilidade administrativa no Corinthians, que agora busca reorganizar seu planejamento a fim de restabelecer a normalidade política e institucional até a definição do novo presidente.