quarta-feira, agosto 6, 2025
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Biometria facial causa impacto negativo em jogos do Corinthians

Reconhecimento facial aumenta o controle dos ingressos e minimiza o cambismo; fatores impactaram público

Implementado pelo Corinthians em julho, o sistema de biometria facial na Neo Química Arena gerou mudanças estruturais no controle de ingressos, impactando diretamente a ocupação do estádio. A adoção da tecnologia expôs falhas no programa Fiel Torcedor e desarticulou esquemas que envolviam repasses irregulares, cortesias em excesso e práticas de cambismo.

Anteriormente, associados do programa compravam entradas apenas para acumular pontos e revendiam os bilhetes, muitas vezes com descontos a terceiros. A biometria inviabilizou essa dinâmica, pois vinculou o ingresso ao rosto do comprador, impedindo a transferência de titularidade, salvo para cadeiras cativas. Com isso, ingressos passaram a ficar disponíveis também para sócios com menor pontuação.

De acordo com a diretoria, o novo controle digital elevou a proporção de entradas vendidas diretamente pelo Fiel Torcedor de 70% para 80%. Entretanto, mesmo com o crescimento de 17 mil novos associados, a média de público caiu para cerca de 36 mil torcedores por jogo, número inferior aos mais de 43 mil registrados anteriormente.

A distribuição de cortesias foi outro ponto revisto. Estima-se que mais de mil entradas gratuitas deixaram de ser emitidas, especialmente no setor Oeste, onde havia maior incidência de ingressos sem controle. Além disso, foram bloqueados camarotes e contas internas que permitiam uso de bilhetes sem pagamento.

“Essas cortesias eram dadas sem controle, os critérios eram definidos pela diretoria anterior sem transparência. E o setor onde isso mais acontecia, o Oeste, é justamente o que teve maior queda de público” — afirmou Marcelo Munhoes, diretor de tecnologia do clube, ao ‘ge’.

Por outro lado, a implementação da biometria não extinguiu completamente a ação de cambistas. Há registros de ingressos sendo vendidos com CPFs aleatórios e posterior cadastro facial de terceiros. Um dos relatos envolve um torcedor que pagou R$ 170 por uma arquibancada, valor acima do praticado no site oficial.

A bilheteria, no entanto, apresentou ganhos em arrecadação. No clássico contra o Palmeiras, a renda foi superior a R$ 3,3 milhões, mesmo com público semelhante ao do ano anterior, evidenciando o impacto da redução das gratuidades.

“Agora, mesmo quem tem pontuação baixa está conseguindo comprar. Por isso, hoje vale a pena contratar o Fiel Torcedor. O que a pessoa economiza em um ingresso já vale mais do que uma mensalidade”, comentou.

O clube ainda busca soluções para recuperar a presença em Itaquera. Entre as propostas, está a ampliação do período de vendas e novos descontos para sócios. O próximo teste será diante do Bahia, na sexta-feira (16 de agosto), às 21h30 (horário de Brasília).