Durante coletiva no Parque São Jorge, o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma, detalhou pontos centrais da proposta de reforma do estatuto do clube. A iniciativa busca atualizar a estrutura organizacional, que atualmente soma uma dívida de R$ 2,7 bilhões.
Um dos temas mais relevantes abordados foi a possibilidade de implantação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), com garantias de controle preservado pelos associados. A proposta em discussão prevê a criação de uma SAF própria, com estrutura jurídica que impeça a perda do comando institucional.
De acordo com o texto, o clube social deverá manter ao menos 51% das ações da nova empresa, assegurando que o departamento de futebol continue vinculado ao Parque São Jorge. A intenção é viabilizar a captação de investimentos sem abrir mão da identidade política, cultural e histórica do clube.
Modelo de SAF e estrutura de decisão
Romeu Tuma Júnior destacou que a proposta leva em consideração modelos já utilizados no mercado, mas que o Corinthians trabalha em um formato próprio, ajustado às suas necessidades.

Segundo o dirigente, a legislação vigente obriga as associações a atenderem novas exigências fiscais a partir de 2027, o que reforça a urgência da discussão sobre alternativas sustentáveis.
“Existem vários modelos de SAF, acompanho isso desde que passou pelo congresso, eu me interesso por isso. Existe um modelo muito interessante que é a SAF da própria associação, o Corinthians pode ter a sua própria SAF”, iniciou.
E prosseguiu: “Tem uma legislação que vai entrar em vigor em 2027 que diz que as associações terão que pagar 80, 100 mi de imposto, não sei se vamos conseguir, então temos que estudar caminhos”.
O presidente reforçou que o parecer do Conselho de Orientação (Cori) tem caráter apenas consultivo. A decisão final caberá ao Conselho Deliberativo e, posteriormente, aos sócios, em Assembleia Geral.
“Em relação ao CORI, ele não é vinculante. O parecer do CORI é indicativo, e dois terços do Conselho são de presentes na reunião. Dos associados, salvo engano, são os presentes na Assembleia Geral. Salvo engano são dois terços dos votantes”.
“Existe uma previsão ainda de emenda de plenário, que pode ser usada para alguns ajustes, propostas que sejam de acordo geral, erros que podem ter surgido, como de português. Ajustes necessários, relevantes, podem ser feitos. Está previsto no regimento da reforma estatutária, não é nenhuma invenção”, acrescentou.
Preservação do controle associativo
O texto da proposta proíbe que investidores externos assumam o controle majoritário da futura SAF. A cláusula busca garantir que as decisões estratégicas continuem sob responsabilidade da base associativa, protegendo a autonomia administrativa do clube e a ligação histórica com os seus torcedores.
Além disso, qualquer deliberação sobre a cisão do departamento de futebol e formalização da SAF exigirá a aprovação em Assembleia Geral, com maioria qualificada de dois terços dos sócios com direito a voto.
A medida pretende evitar mudanças estruturais sem amplo respaldo da comunidade corintiana.
Movimento SAFiel e resistência a investidores externos
Nos últimos dias, o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, recebeu representantes do movimento “SAFiel”, que propõem a criação de uma SAF com participação direta dos torcedores como acionistas. O grupo defende um modelo de gestão compartilhada, sem a entrega do comando a agentes externos.
Em paralelo, propostas como a feita por Ronaldo Fenômeno, que demonstrou interesse em adquirir o clube, têm enfrentado resistência, principalmente da Gaviões da Fiel. A principal torcida organizada do Corinthians se posiciona contra qualquer possibilidade de venda total do futebol.


