A crise política no Corinthians ganhou mais um capítulo explosivo: Caetano Blandini, membro do Conselho de Orientação (Cori) e sócio da tradicional torcida organizada Camisa 12, foi expulso da entidade após votar contra a abertura de uma investigação interna envolvendo o ex-presidente Andrés Sanchez. O caso gerou grande repercussão entre os torcedores e expôs novamente os bastidores turbulentos do clube.
Na última terça-feira, o Cori se reuniu para deliberar sobre uma possível apuração interna referente ao uso do cartão corporativo do Corinthians durante a gestão de Andrés Sanchez. Ao todo, nove conselheiros votaram a favor da recomendação de investigação. No entanto, sete votaram contra — entre eles, Blandini. Por isso, a decisão do conselheiro causou indignação dentro da Camisa 12, que decidiu desligá-lo da torcida.
A nota divulgada pela organizada foi contundente:
“Informamos aos nossos associados que o membro do CORI, Caetano Blandini […] está oficialmente excluído do quadro de associados, por falta de cumprimento com os princípios éticos estabelecidos dentro da torcida. […] A FIEL TORCIDA JOVEM CAMISA 12 busca sempre o melhor para o Sport Club Corinthians Paulista”.
Pressão das organizadas e o peso do cartão corporativo
Cabe ressaltar que essa não foi a primeira manifestação crítica de torcidas organizadas sobre o caso. Assim como a Gaviões da Fiel, a Camisa 12 reforçou seu compromisso com a ética no clube, exigindo apuração rigorosa dos fatos. Isso porque os gastos de Andrés com o cartão corporativo, que deveriam ser exclusivamente para fins institucionais, incluíram despesas pessoais, conforme ele mesmo confirmou ao jornalista Marco Bello, do site Meu Timão.
O ex-presidente, inclusive, reconheceu ter utilizado R$ 9 mil para fins particulares e reembolsou o clube com R$ 15 mil. Com isso, ainda que tenha ressarcido o valor, a polêmica reacendeu depois da divulgação de uma nova fatura com indícios semelhantes. Vale destacar que o conteúdo veio à tona por meio de um perfil satírico no X (antigo Twitter), trazendo ainda mais visibilidade ao caso.
Votação segue e pode ter desdobramentos judiciais
Sendo assim, mesmo com os votos contrários de Blandini e outros seis conselheiros, entre eles nomes como Duílio Monteiro Alves e Mário Gobbi Filho, a recomendação de investigação foi aprovada. Portanto, o processo agora será analisado pela Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo do Corinthians. Desse jeito, a abertura da investigação contra Andrés poderá resultar não apenas em sanções internas, mas também em implicações judiciais com base na Lei Pelé.
Além disso, vale destacar que Andrés Sanchez, atual conselheiro vitalício, já presidiu o clube em dois mandatos (2007–2011 e 2018–2020). Dessa maneira, seu legado volta a ser questionado, desta vez com foco nas finanças, um tema que, por que não dizer, tem sido ponto sensível no Corinthians há anos.
Porque quando ética e transparência entram em jogo, a pressão popular e das organizadas mostra que, no futebol, não basta apenas torcer: é preciso fiscalizar.


