A operação policial que ganhou destaque nesta terça-feira (24 de junho) revelou um esquema de fraudes que afetou diretamente jogadores do futebol brasileiro. Investigações apontam que os criminosos desviaram valores significativos dos salários de jogadores como Gabigol, atualmente no Cruzeiro, e Kannemann, zagueiro do Grêmio.
A ação, coordenada pela Polícia Civil do Paraná com apoio de outros estados, recebeu o nome de “Falso 9” e resultou no cumprimento de 11 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão. Os agentes atuaram em cinco cidades: Porto Velho, Cuiabá, Curitiba, Almirante Tamandaré e Lábrea. O principal suspeito de liderar o grupo foi localizado e preso no bairro Alto, em Curitiba.
Conforme as investigações, os golpistas utilizavam documentos falsificados para abrir contas bancárias em nome dos atletas. Em seguida, solicitavam a portabilidade dos salários para essas contas fraudulentas. Uma vez que os valores eram creditados, os criminosos rapidamente executavam diversas transferências e saques, com o intuito de dificultar o rastreamento do dinheiro.
Segundo o delegado Thiago Lima, responsável pelo Núcleo de Combate aos Cibercrimes, os valores desviados chegaram a R$ 800 mil no caso de Gabigol e R$ 400 mil no de Kannemann, totalizando R$ 1,2 milhão. A polícia informou que os atletas só tomaram conhecimento dos desvios após alerta das instituições bancárias.
Os investigados são originários dos estados de Mato Grosso, Paraná, Amazonas e Rondônia. E só na manhã desta terça, foram cumpridas 86 medidas cautelares, incluindo sequestro de bens, quebra de sigilo fiscal e bancário, além das prisões.
“O líder do grupo era o responsável pela movimentação financeira e manutenção das contas utilizadas nas fraudes”, declarou o delegado Thiago Lima. Ele também afirmou que o investigado preso em Curitiba possuía passagens anteriores por crimes de estelionato eletrônico.
Ainda que Gabigol e Kannemann sejam os únicos nomes divulgados até agora, as autoridades não descartam a possibilidade de novas vítimas. “A documentação começou a ser analisada no fim de 2024 e, com o material apreendido, pode haver outros jogadores ou até cidadãos comuns afetados”, alertou o delegado.
Até o momento, apenas R$ 135 mil dos valores desviados foram recuperados. Os envolvidos poderão responder por diversos crimes, como fraude eletrônica, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas que somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão.