A crise institucional que se desenrola no Flamengo nas últimas semanas tem afetado diretamente o andamento das negociações no mercado de transferências. A principal consequência até aqui foi a paralisação do processo para contratar o meio-campista colombiano Jorge Carrascal, do Dínamo de Moscou, que estava em estágio avançado antes do impasse com o diretor de futebol José Boto.
A instabilidade nos bastidores começou a ganhar corpo após a desistência do clube na contratação do atacante irlandês Mikey Johnston, que havia sido indicado por Boto. O dirigente português interpretou a decisão como um sinal de desvalorização do seu trabalho. A partir disso, passou a cogitar deixar o cargo e decidiu travar todas as negociações e renovações de contrato, incluindo a de Carrascal.
Essa tensão interna aumentou com críticas vindas de conselheiros e torcedores, especialmente em função da demora em resolver questões contratuais com jogadores como Arrascaeta e Pedro. Também pesaram a condução da saída de Gerson e entrevistas polêmicas concedidas por Boto durante a participação do clube no Mundial de Clubes, nas quais revelou interesse em nomes como Dusan Vlahovic.
Apesar do desgaste, o presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, se posicionou contra uma troca no comando do departamento de futebol. Em entrevista, afirmou: “Eu jamais pensei em trocar o comando do futebol do Flamengo”.
A relação entre Boto e o técnico Filipe Luís também foi apontada como um dos fatores de tensão. Conforme relatos internos, a diretoria entende que o dirigente passou a atuar de forma alinhada demais aos interesses do treinador, deixando de defender os posicionamentos institucionais do clube. Além disso, decisões recentes que afetaram a estrutura do elenco foram tratadas sem o pulso firme esperado por parte da alta cúpula rubro-negra.
Enquanto isso, o ambiente entre elenco e diretoria segue turbulento. Jogadores como Pedro e Arrascaeta demonstraram interesse em renovar contrato, mas não obtiveram retorno imediato. Internamente, atitudes de Boto durante esse período geraram desconforto entre atletas e setores administrativos do clube.
Mesmo diante do cenário conturbado, Boto segue no cargo. A expectativa era de que ele se reunisse com Bap na terça-feira (08 de julho) para definir os próximos passos. A tendência, ao menos até o momento, é de que ele permaneça, embora seu prestígio interno esteja bastante fragilizado.
Por ora, o Flamengo volta a campo no sábado (12 de julho), às 16h30 (horário de Brasília), contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. No entanto, o foco da diretoria segue dividido entre o desempenho esportivo e a resolução das pendências no departamento de futebol.
